O POETA RAINER MARIA RILKE EM SUA OBRA “CARTAS A UM JOVEM POETA” COMENTA SOBRE O AMOR

Apolo e Dafne

“Amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria, com efeito, a união com algo não esclarecido, inacabado, dependente?”

Céfalo e Prócris

“O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe. Do amor que lhes é dado, os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos (“escutar e martelar dia e noite”)”.


Baco e Ariadne

“A fusão com outro, a entrega de si, toda a espécie de comunhão não são para eles (que deverão durante muito tempo ainda juntar muito, entesourar); é algo de acabado para o qual, talvez, mal chegue atualmente a vida humana. Aí está o erro tão grave e freqüente dos jovens: eles – cuja natureza comporta serem impacientes – atiram-se uns aos outros quando o amor desce sobre eles e derramam-se tais como são com seu desgoverno, sua desordem, sua confusão”.


Perseu salvando Andrômeda

“Que acontecerá depois? Que poderá fazer a vida desse montão de material estragado a que eles chamam sua comunhão e facilmente chamariam sua felicidade? Que futuro os espera?


Cupido e Psiquê

“Cada um se perde por causa do outro e a muitos outros que ainda queriam vir. Perde as possibilidades, troca o aproximar-se e o fugir de coisas silenciosas e cheias de sugestões por uma estéril perplexidade de onde nada de bom pode vir, a não ser um pouco de enjôo, desilusão e empobrecimento. Depois procuram salvar-se, agarrando-se a uma das muitas convenções que se oferecem como abrigos para todos nesse perigo caminho. Nenhum terreno da experiência humana é tão cheio de convenções como este”.

Vênus e Adonis

Textos extraídos da obra: Cartas a um jovem Poeta – A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke - Rainer Maria Rilke – S. Paulo: Ed. Globo – 2001.

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