ANÁLISE FÍLMICA “O RETRATO DE DORIAN GRAY” E A LENDA DE NARCISO: OS MITOS NÃO ENVELHECEM

 

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O pecado sempre se inscreve no rosto dos homens,

impossível escondê-lo”.

(Wilde, 2010, p. 192)

 

O livro de Oscar Wilde conta a história de Dorian Gray, um jovem muito bonito, em torno de 20 anos, que chegou na cidade de Londres, no final do século XIX, com o objetivo de morar na casa do avô, que faleceu e deixou uma bela fortuna para o neto.

 

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Dorian Gray (Ben Barnes)

Dorian foi criado por este avô que era um homem de 70 anos, enérgico e que surrava o menino com sua bengala, por motivos fúteis. Depois o avô deixava-o no porão de castigo, por muito tempo. Ele cresceu órfão e não conheceu os seus pais.

Dorian começou a fazer pequenas apresentações musicais ao piano, no teatro e lá ele conheceu o pintor Basil Hallward, que de imediato convidou-o para ir até a sua casa, porque ele gostaria de fazer um retrato do rapaz.

O pintor buscava a beleza na sua arte, sem abandonar o mundo real e dizia que, todo retrato pintado com sentimento é o retrato do artista e não do modelo. (Wilde, 2010, p. 18)

 

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Brasil Hallward (Ben Chaplin)

 

 

Posteriormente, Dorian foi apresentado a um amigo do pintor chamado lorde Harry e os três tornaram-se grandes amigos.

Só que à medida que Dorian ficava mais íntimo de lorde Harry, a sua personalidade sofria grandes transformações rapidamente.

O lorde tinha uma índole ruim, demoníaca e acabou influenciando o rapaz com suas ideias.

Dorian não tinha a consciência da sua beleza antes do retrato, agora ele não tinha a consciência da má influência que a companhia do lorde provocava em sua personalidade.

 

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Lorde Henry Wotton (Colin Firth)

 

 

Certa vez Dorian fez ao lorde as seguintes perguntas:

“- O senhor é mesmo uma influência negativa lorde Harry? Tão negativa quanto diz Basil Hallward?

- Influências positivas não existem, sr. Gray. Toda influência é imoral...imoral, do ponto de vista científico.

- Por quê?

- Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. Ela passa a não pensar com seus pensamentos naturais. As virtudes que possui deixam de ser, para ela, reais. Os pecados que comete, se é que existem pecados são todos tomados por empréstimo. Ela se torna um eco da música de outrem, ator de um papel não escrito para ela. O objetivo da vida é o autodesenvolvimento e perceber, com perfeição, nossa natureza... é para isso que estamos aqui, cada um de nós. (...) as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. (Wilde, 2010, p. 33)”

 

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Dorian Gray (Ben Barnes)

 

 

Depois do quadro ponto, Dorian queria que a sua imagem se tornasse fixa, com o rosto sem rugas ou imperfeições. Ele dizia que daria a sua própria alma para que este desejo se realizasse. O seu desejo foi atendido e durante toda a narrativa, o protagonista conservou a sua beleza e juventude.

Dorian quanto mais velho ficava o retrato sofria alterações. O quadro também serviu como um espelho onde ele poderia mirar-se todos os dias. Primeiramente, ele via a sua beleza magnífica, mas depois, com a metamorfose da pintura ele ficou paralisado e não conseguia conter o seu medo de ser descoberto por suas atitudes e assassinatos que o quadro denunciava.

Conforme as palavras de Oscar Wilde: “O pecado sempre se inscreve no rosto dos homens, impossível escondê-lo”. (Wilde, 2010, p. 192)

Dorian começou a namorar a jovem atriz Sybil Vane e decidiu ficar noivo da moça. Ela dedicava-se ao teatro com a interpretação da personagem Ofélia, da peça Hamlet, de Shakespeare apresentando-se toda noite, no mesmo teatro em que Dorian fazia as suas apresentações musicais.

De repente, Dorian se afasta de Sybil e acontece uma grande tragédia.

 

 

A SÍNDROME DE DORIAN GRAY

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Dorian Gray (Ben Barnes)

 

A expressão “Síndrome de Dorian Gray” refere-se à preocupação desmedida com a própria imagem e os efeitos do envelhecimento. Outra consequência da síndrome é a incapacidade do indivíduo de criar vínculos afetivos mais profundos. Existem diferentes graus de narcisismo e o diagnóstico é complexo porque a síndrome vem acompanhada de outras perturbações, como por exemplo, transtornos de personalidade como borderline (TPB). (revista Mente& Cérebro, 2011)

 

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Sigmund Freud

 

 

Em 1914, a partir de observações clínicas, Freud  formula o conceito de narcisismo, como uma etapa normal do desenvolvimento infantil.

O bebê quando nasce não distingue o mundo dele mesmo e da mãe. Depois, à medida que ele vai se descobrindo ao segurar os pezinhos, as mãozinhas, por exemplo, ele começa a diferenciar o seu corpo do mundo e da mãe. Neste momento importante da vida do bêbe, os pais precisam investir na criança, o olhar materno é que o guiará para auxiliar no seu desenvolvimento, não só físico, mas também no plano mental.

Na “falha” desse olhar materno, a criança projeta diante de si o próprio ”eu” como seu ideal. O narcisismo infantil é deslocado para o próprio ego, para a construção da autoimagem, segundo a teoria freudiana.

Para Freud, a criança narcisista é voltada para ela mesma e suas necessidades e vê no objeto amado, uma espécie de reflexo de si mesmo e assim interpreta mal a si e ao objeto amado, como ocorreu com o personagem Dorian e sua amada.

O amor provoca várias percepções equivocadas da realidade, mas ele também fornece o caminho pelo qual se pode perceber a realidade em sua dimensão humana por meio da comunicação.

 

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Sybil e Dorian

 

Dorian começou com as ruminações de seus assassinatos e o alívio só tomava conta de seu corpo, quando ele pensava que era uma pessoa especial e que nada poderia atingí-lo. Ele também tinha horror de pensar na possibilidade de ficar longe do quadro e alguém pudesse descobrir o seu segredo.

As transformações do quadro simbolizavam os seus pecados ou era apenas reflexo de sua culpa pela imoralidade de seus atos?

A pintura de Dorian simbolizava a sua alma que se deteriorava a cada atitude desonesta e que refletia no quadro.

No início do filme o personagem tinha uma personalidade frágil e era ingênuo. Depois de ser influenciado pelo lorde Harry e de apaixonar pela própria imagem refletida no quadro, as suas fantasias e desejos relacionados ao narcisismo,  fizeram com ele perdesse  o contato consigo mesmo e consequentemente obteve uma  imagem irreal de si mesmo.

O seu conflito em toda a narrativa será de nunca envelhecer. O seu pacto foi um pacto faustiano. Fausto é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, escrita em 1808 e depois a segunda parte em 1832. A história de Fausto trata-se de um homem que usa o pacto com o demônio, para obter o conhecimento absoluto.

 

DE VOLTA AOS MITOS GREGOS

 

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Narciso e a ninfa

Lorde Harry Wotton lembra Dorian que tudo o que os deuses dão eles tomam de volta.

O que é mito? Quem são os deuses?

O mito vai ser sempre uma metáfora da realidade social e que expressa às expectativas humanas universais e relata uma explicação do mundo, sendo uma realidade mais profunda da nossa mente. O tema fundamental dos mitos é a evolução não somente do homem, mas de toda humanidade.

Para a psicologia de C. G. Jung, os deuses da mitologia grega são considerados como representações simbólicas de processos intrapsíquicos e nos possibilitam compreender o funcionamento desses processos, como também os seus possíveis desvios, considerados doentios na medida em que afastam ou negam o sentido da vida e sua evolução.

Essa flexibilidade que o mito propõe permite o processo de conscientização dos atos dos personagens míticos e os seus castigos impetrados por outros deuses, quando o mito não compreendeu o sentido evolutivo da vida.

O sofrimento que pode ocorrer neste processo pode fazê-lo tomar consciência de que foram seus desejos exaltados, a sua desmedida, que provocou no mito a sua a angústia e o desviou do seu destino.

OS MITOS E O ENVELHECIMENTO

 

Numa volta ao passado mítico encontramos Adão e Eva e a expulsão do paraíso, nesta obra de Michelangelo. Eva surge envelhecida, será que foi o pecado que a envelheceu ou foi a degradação moral que mais a atormentava?

 

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Adão e Eva e a Expulsão do Paraíso (Michelangelo)

 

Temos alguns exemplos de mitos preocupados com a sua beleza e juventude, como por exemplo, o deus Apolo. O mito é um esplendor, com sua beleza, força física e adorava a música. Ele não envelhecia. Os deuses não envelhecem porque são imortais.

 

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Deus Apolo

 

O caso do personagem Dorian Gray nos remete ao mito de Narciso, porque este mito simboliza o amor de um indivíduo por si mesmo.

 

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Narciso - Caravaggio

 

A versão da lenda de Narciso apresentada aqui é baseada no poema épico “Metamorfoses” de Ovídio, que parece ter sido o primeiro a fazer a conexão entre os mitos de Narciso e Eco. Mas a história começa com Zeus, o grande deus do Olimpo.

 

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Hera e Zeus

“ Zeus era o rei dos deuses do Olimpo e era terrivelmente mulherengo e adúltero. Hera, sua esposa, deusa da casa já estava cansada de saber de suas escapadelas e era muito ciumenta. Zeus não discriminava ninguém: deusas, mortais ou ninfas.

Para garantir suas escapadelas Zeus empregava a ajuda da bela ninfa Eco famosa por adorar argumentos e ter sempre a última palavra. Ela tocava instrumentos e contava longas histórias.

Quando Hera descobriu que estava prestes a ser enganada, ela puniu a comunicativa ninfa roubando-lhe a voz, deixando-lhe apenas a humilhante capacidade de repetir palavras gritadas.

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Eco  – Alexandre Cabanel

Assim, tudo que Eco poderia fazer era repetir a voz daquele que falou por último e ter sempre a última palavra. A ninfa perdeu o direito de se exprimir, que é o símbolo da voz e repetir será o seu castigo. Consequentemente, a sua limitação é a sua não expressão.

Certo dia, ao andar pela floresta ela viu Narciso a caçar veados. Eco não pôde resistir à beleza do rapaz e pôs-se a segui-lo, enquanto desejava ardentemente falar com ele na voz mais suave e ganhá-lo em conversações. Ela esperou impaciente para que ele lhe falasse primeiro e depois para que ela pudesse respondê-lo.

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Eco e Narciso (J.W.Waterhouse)

Narciso era tão belo que sua mãe (a ninfa Liríope casada com Cefiso) se preocupou com seu bem estar e quando ele tinha 15 anos, ela recorreu a um oráculo chamado Tirésias, que disse: "Narciso viverá uma longa vida desde que não se conheça".

Um dia, separado de seus companheiros de caça, Narciso finalmente gritou: “Quem está aí?", ao que Eco respondeu "Aí".

Narciso olhou ao redor e não encontrou ninguém, dizendo: "Venha", ao que Eco respondeu "Venha". Como mais uma vez não apareceu ninguém, Narciso gritou novamente: "Porque me atiças?"

Eco respondeu com a mesma pergunta, com o coração que dava saltos quando ele respondeu o mesmo. Ao correr para os braços de Narciso se encontrava, o mito rejeitou-a dizendo:

"Não me toque. Eu preferia morrer do que permitir que você me possua".

"Me possua", Eco respondeu, com seu coração ferido e Narciso a abandonou a ninfa ali mesmo.

Eco  foi esconder-se entre os arbustos nos limites da floresta. Deste deste dia em diante, a ninfa do bosque passou a viver em cavernas. Seu corpo emagrecia de dor e desaparecia progressivamente, até que um dia toda sua carne encolheu-se até sumir. Seus ossos transformaram-se em rochas e tudo o que sobrou dela foi a sua voz que ainda se encontra pronta a responder a qualquer um que grite por ela, mantendo seu hábito de ter sempre a última palavra.

Narciso, devido a sua beleza era arrogante e cruel. A sua crueldade  não parou por aqui. Ele agiu da mesma forma arrogante, para com as outras ninfas.

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Narciso e as ninfas  (J.W.Waterhouse)

Certa vez, uma donzela, que havia esperado em vão por seu amor rezou  para que um dia ele sentisse o que era amar e não ser correspondido.

As ninfas convocaram Nêmesis, a deusa da justiça, para amaldiçoar Narciso e o fizeram se apaixonar perdidamente pela sua própria imagem refletida nas águas do lago.

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Deusa Nêmesis

Os deuses são punitivos e invejosos e quando ouviram a prece tiveram grande prazer em concedê-la.

Ártemis, deusa da caça foi quem encontrou uma forma perfeita de puní-lo. Enquanto Narciso caçava ele encontrou uma fonte clara e espelhada e se curvou para beber, neste momento, ele viu sua imagem refletida. Por mais que tentasse tocar o belíssimo rosto refletido nas águas, ele nunca conseguia. Cada vez que ele estendia os braços para a imagem ou tentava beijá-la, a imagem desaparecia.

Narciso chorou muito quando viu que não conseguiria ter aquele rosto refletido no lago e quando suas lágrimas tocaram a água a imagem desapareceu definitivamente.

Ele exclamou: "Fique, deixe-me ao menos admirar-te, já que não posso tocá-lo". Admirar a imagem passou a consumí-lo e ele perdeu a cor e o vigor nesta paixão doentia.

A história de Narciso tem pelo menos três finais. Em um deles, ele finalmente sucumbe à sua louca paixão pela imagem e joga-se ao lago. Fraco, não consegue nadar e afoga-se.

Em outro, Narciso finalmente entende que o objeto de sua paixão é sua imagem refletida e, louco por nunca poder possuí-la, mata-se com uma adaga ao peito.

Uma terceira ainda, diz que ele apenas definhou progressivamente deitado na beira do lago.

Quando a alma de Narciso foi levada pelo rio Estige, que separava os vivos dos mortos, ele não resistiu e olhou por sobre a canoa de Caronte (barqueiro dos mortos),  para ver o seu reflexo pela última vez.

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A barca de Caronte

As ninfas prepararam um funeral para Narciso, mas não conseguiram encontram seu corpo. No lugar onde Narciso morreu havia uma flor amarela, que traz seu nome e preserva sua memória”.

A lenda de Narciso nos mostra que uma das nossas limitações é a incapacidade do autoconhecimento tão importante para se desenvolver e ter a capacidade de entregar-se sem medo. O mito queria muito se apaixonar, mas não conseguia se entregar por medo de sofrer a rejeição.

A lenda de Narciso e Eco nos revela que, para se viver o amor, a comunicação entre o casal é extremamente importante. Desta relação nasce o conhecimento do outro e também de si mesmo, na medida em que o diálogo permeia este relacionamento amoroso.

Conhecer a si mesmo pode ser um caminho porque nos cololoca em xeque e com coragem o sofrimento pode ser enfrentado.

O que parece semelhante na história do personagem Dorian Gray e Narciso, além da paixão pela própria imagem é que ambos são levados pelo impulso, pelo desejo de desfrutar de tudo sem medir as consequências, gerando a corrupção da alma de cada um. O mito de Narciso nos revela aspectos do homem contemporâneo que está presente no mito.

Para seguir adiante, Narciso teria que elaborar as suas frustrações e desenvolver a sua capacidade de observar-se, de conhecer a si mesmo para ter um encontro com sua alma e situar-se em sua existência.

 

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Narciso – obra de Adolf Joseph Grass - 1867

 

O método de análise fílmica quando envolve os mitos deve-se suspender o juízo, não só moral, mas também linguístico e lógico, para a escuta ou a leitura não se perder em juízos de valores e intenções diagnósticas e perder o foco, que é entender o mito em a sua dinâmica total e psicológica.

O cinema e os mitos constituem um material privilegiado para demonstrar que a estrutura da linguagem é simbólica ou metafórica, para a análise de um filme.

 

A TRANSPOSIÇÃO DA NARRATIVA LITERÁRIA “O RETRATO DE DORIAN GRAY”: DO ROMANCE AO FILME

 

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Dorian e o seu autorretrato

 

O cinema sempre manteve um diálogo com outros gêneros narrativos. Desde o início do cinema mudo ou das peças de teatro, mas isso não estimulava o espectador porque não havia a intervenção da imagem, do movimento e da visão do diretor.

O cinema na forma escrita narra ações, localizações, diálogos dos personagens e descrições no contexto da estrutura dramática do virá a ser um projeto audiovisual e serve de ponto de partida para que o diretor e a equipe possam trabalhar e colocar em prática o texto escrito.

Já o romance é uma forma de arte narrativa, mas pode deslocar no tempo e no espaço ao virar a página e também lida com a vida interior do personagem, enquanto o roteiro de cinema lida com as imagens e o roteiro, juntos.

Em relação a transposição da narrativa literária para o cinema conclui-se que não existe privilégios entre a página ou a tela, porque ambas abrem possibilidades para o espectador.

Segundo o escritor Howard, “às vezes a mais fiel das adaptações faz o pior dos filmes, porque o material não se presta a uma história filmada e, na forma como está escrito, não funciona na tela, por mais forte que seja a história original. Em geral, e na tela certamente, o drama exige compreensão e intensificação.” (Howard; Mabley, 1996, p. 37)

O filme foi baseado no romance de Oscar Wilde, um clássico da literatura, mas não segue à risca a obra literária, a adaptação é parcial.

 

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O baile de máscaras

A MODA E A LITERATURA DE OSCAR WILDE

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Oscar Wilde

 

O escritor Oscar Wilde (1854-1900) escreveu algumas peças de teatro que fizeram sucesso, quando ele tinha apenas vinte e sete anos. As suas comédias eram enredadas em preconceitos e esnobismo, que retratava a sociedade vitoriana do final do século XIX. A sátira de seus textos divertia o público.

Em 1891 ele publicou o seu único romance “O retrato de Dorian Gray” e foi muito criticado, sendo que a sociedade inglesa considerava a obra imoral e com tendência homossexual, cujo assunto surge no livro de forma velada.

O protagonista no início do filme é um rapaz ingênuo, bonito, que despertava a admiração e a inveja de todos por causa de sua beleza, juventude e fortuna.

Dorian estava sempre na moda e privilegiava a estética, acima de tudo. Ele usava roupas finas e gostava também pedrarias, que acabou colecionando.

 

 

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O dandismo e os atores de Hollywood

 

Nos anos de 1890, o escritor Oscar Wilde seguiu a moda dândi. Ele dizia que o dandismo simbolizava a modernidade absoluta da beleza, que exerciam sobre Dorian seus fascínios. (Wilde, 2010, p. 169)

Já para o escritor Baudelaire, “o dândi é blasé ou finge que é”.

O Dandismo era (e ainda é) caracterizado pela dedicação à excelência da indumentária. A aparência é um propósito de existência. (...) George Bryan “Beau” Brummell foi o dândi seminal e dominou a moda inglesa masculina de 1794 a 1816. (Mackenzie, 2010, p. 34)

 

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Moda dânde no século XIX

 

 

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O dândi contemporâneo na moda

 

O relacionamento amoroso entre Wilde e Alfred Douglas, levou-o a enfrentar uma prisão por dois anos.

 

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Oscar Wilde e Alfred Douglas

 

O escândalo separou o escritor de sua família e terminou com a sua carreira, em 1895. Oscar Wilde morreu na miséria em 30 de novembro de 1900, em Paris, onde foi enterrado.

 

A JUVENTUDA E A BELEZA NA

CONTEMPORANEIDADE

 

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Celebridades na terceira idade

 

Na idade moderna criou-se a cultura da juventude, em consequência da 2ª. Guerra mundial, do bayboom, em 1968 (bebês nascidos após a guerra e o fenômeno do aumento da natalidade), bem como, os movimentos culturais da década de 60.

 

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Goldie Hawn nos anos 60

EPICURO: O PRAZER E A FELICIDADE

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O filósofo Epicuro

 

Os arqueólogos em suas escavações notaram que nas casas gregas e romanas havia um grande número de estátuas com a efígie de Epicuro, às vezes até de pequenas dimensões. A explicação é que existia a crença de que a contemplação de seu rosto forte e sereno conferia a serenidade. (Nicola, 2005, p. 106)

Para Epicuro a filosofia é o farmáco mais indicado para as três patologias psíquicas mais frequentes: o medo da dor, da morte e dos deuses. E a sua resposta era universal, um bem para todos, a busca de um sadio e moderado prazer de viver.

O filósofo dizia também que, o prazer e a felicidade são certamente os critérios condutores do ser humano (...) Lembrando que, a um prazer imediato corresponde muitas vezes a uma dor futura.

Segundo Epicuro, a solução mais sábia está em submeter a busca da felicidade ao juízo da razão. É preciso eliminar os medos inúteis (morte, deuses, dor) (...) e ter a meta da serenidade, da tranquilidade do espírito. (Nicola, 2005, pag. 107)

Epicuro acrescentava que, não fazem uma vida feliz nem os banquetes e as festas contínuas, nem desfrutar de jovenzinhos e mulheres, nem peixes e tudo o que oferece uma mesa farta, mas o cálculo judicioso, que procura as causas de cada ato de escolha ou de recusa, que afaste as falsas opiniões das quais nascem as maiores inquietações do espírito. (Nicola, 2005, p. 109)

Mas o que é cálculo judicioso? O cálculo é uma espécie de conta matemática onde você mede as consequências do prazer e depois decide se vale a pena ou não realizá-lo. O cálculo não deve considerar apenas os prazeres imediatos, mas também aqueles de longo prazo. Vamos considerar que ao satisfazer um desejo provoca uma imediata felicidade, mas existe a possibilidade também de um dano futuro. (Nicola, 2005, p. 110)

Para o Hedonismo dos tempos contemporâneos o prazer é “o fim” e que orienta a ação do indivíduo.

O Epicurismo condena o prazer imediato sem consequências para tentar satisfazer qualquer desejo. O melhor é usar o “cálculo do prazer” defendendo a razão como um filtro das emoções e das pulsões humanas.

Na atualidade, o “eu” é a obsessão e segundo os psicólogos, sem uma base afetiva sólida e construída ao longo da infância, o adulto terá problemas como a melancolia e os distúrbios do narcisismo.

 

NARCISO

Narciso era um lindo moço

e seu próprio rosto não conhecia.

Ao beber da água fria

mirou-se no lago e encantado ficou

com a própria figura refletida.

O rosto espelhado na água cristalina,

a face clara Narciso nunca vira.

Pensando que o seu rosto

era de outro ser,

apaixonou-se por si mesmo.

Ao atirar-se no lago,

matou seu bem querer.

O moço morreu afogado e

na beira do lago

nasce uma flor amarela, absoluta e singela,

que brotava na primavera”.

(poema composto por Rosângela D. Canassa)

Referência bibliográfica:

1. HOWARD, Davi; MABLEY, Edward. Teoria e prática do roteiro. São Paulo: Globo, 1996.

2. MACKENZIE, Mairi. ...Ismos: para entender a moda. São Paulo: Globo, 2010.

3. NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.

4. Revista Mente & Cérebro – 2011.

5. WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. São Paulo: Abril, 2010.

DVD – O retrato de Dorian Gray – direção de Oliver Parker, 2009.

Sites consultados:

www.adorocinema.com

www.google.com.br

Livros/imagens:

O retrato de Dorian Gray

O Livro de Ouro da Mitologia

Ficha técnica do filme:

Título: O retrato de Dorian Gray

Ano: 2009

País: EUA

Direção: Oliver Parker

Elenco:

Ben Barnes ................. Dorian Gray

Colin Firth .................. Lord Henry Wotton

Ben Chaplin ................ Basil Hallward

Rachel Hurd-Wood .... Sybil Vane

Fiona Shaw ................. Aghata

Emilia Fox .................. Lady Victoria Wotton

Rebecca Hall .............. Emily Wotton

Johnny Harris ........... James Vane

Maryam d'Abo .......... Gladys

Caroline Goodall ....... Lady Radley

Douglas Henshall ...... Alan Campbell

Michael Culkin .......... Lord Radley

Pip Torrens ............... Victor

Jo Woodcock ............. Celia Radley

David Sterne ............. diretor do teatro

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