OS ANOS 30 E A MODA DURANTE A GRANDE DEPRESSÃO

 

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Toda a euforia dos “anos loucos” acabou com a quebra da Bolsa de Nova Yorque, em 1929, causando falência nas indústrias e muito desemprego, afetando toda a economia mundial. O período seguinte ficou conhecido como a Grande Depressão.

Com a recessão surgiram os regimes totalitários tais como: Getúlio Vargas (Brasil), Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália), Salazar (Portugal), Franco (Espanha) e Stalin (antiga União Soviética) e um período de crise reflete nas roupas que será mais sóbria. A mulher continua sofisticada, com elegância e leveza, mas afastando-se do estilo melindrosa.

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Cena do filme “Desejo e Reparação” (2007), anos 30 cintura marcada

 

No fim da década de 30, mangas bufantes, cinturas no lugar e ombreiras estavam tornando elegante a figura de ampulheta. (Mackenzie, 2010, p. 161)

 

CHANEL EM HOLLYWOOD

Na década de 30 nos EUA, os produtores de cinema procuravam novas plateias e encontraram as mulheres e elas eram vistas como as consumidoras de cinema, então eles trataram de vender moda, vestindo as suas estrelas apenas com a última moda parisiense.

Chanel  em Mônaco é apresentada pelos amigos a Sam Goldwyn, famoso diretor em Hollywood que a convida a vestir as suas estrelas. Este diretor desejava que as mulheres fossem ao cinema e o seu plano era que as mulheres fossem ver a estrela e o seu vestido luxuoso. Chanel aceitou ser contratada por um milhão de dólares. Goldwyn não queria que ela fosse uma simples costureira, mas reformar com ela o gosto das rainhas de Hollywood.

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Coco Chanel em Hollywood

 

Chanel foi ao novo trabalho em abril de 1931, acompanhada de uma amiga. O estilo de Coco Chanel no cinema foi importante porque renovou a arte da maquiagem, do vestuário e do penteado.

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Cena do filme “Esta noite ou nunca” – 1931, com Gloria Swanson e figurino de Chanel

Com a recessão e 12 milhões de pessoas desempregadas, Hollywood poderia oferecer uma oportunidade para manter a maison aberta. Esta possibilidade entusiasmava Chanel a fazer os figurinos no cinema.

 

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Greta Garbo também usava Chanel

O cinema exerceu grande influência sobre a moda a partir da década de 30. Roupas, penteados e maquiagens das estrelas de Holywood lançavam tendências prontamente disseminadas e os estúdios logo desenvolveram estruturas comerciais para lucrar com o fascínio do público pelas divas dos filmes. (Mackenzie, 2010, p. 62)

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Nora Gregor e Jean Renoir protagonistas do filme “A regra do jogo” (1939), com figurinos de Chanel

 

Em 1938, Jean Renoir pede a Chanel para fazer os figurinos de seu próximo filme “A regra do jogo”. Em colaboração com o diretor francês, as roupas são usadas como disfarces e para expressar a casta social à qual pertencem os personagens.

Hollywood dominou o entretenimento popular durante algum tempo, principalmente, no período da década de 20 até meados dos anos 50 e com isso influenciou muito a imaginação do público. E na década de 30, apesar da crise, com milhões de americanos desempregados, o cinema funcionava com uma válvula de escape. A certeza era que os filmes tinham que ter final feliz, era uma regra.

Mas, Chanel abandonou Hollywood assim que pode, ela não quis aceitar se subordinar aos caprichos das estrelas e não voltou mais. E Sam Goldwyn teve que aceitar calado.

Chanel causou uma grande transformação em termos de figurino na meca do cinema. A hegemonia mundial do cinema americano dependia das estrelas. Assim, era preciso a qualquer preço imortalizá-las. (Mackenzie, 2011, p. 280)

 

A MODA DA DÉCADA DE 40 E O PERFUME CHANEL no.5

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Coco, Ernest Beaux e Marilyu Monroe

 

 

Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons e muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países.

Os artistas, também fugindo do Nazismo se instalaram em Nova York que se tornou a nova capital europeia.

A Alemanha ainda tentou destruir as maisons, mas não teve êxito. Durante a guerra, 92 ateliês continuaram abertos em Paris, apesar das regras de racionamento, impostos pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, mas, a moda sobreviveu à guerra.

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Moda anos 40

 

 

Chanel fecha a sua Maison e deixa Paris, durante várias semanas. Os outros costureiros não interrompem seus trabalhos, mas a lã e a seda desaparecem do mercado. Com tecidos de imitação, a alta-costura parisiense continua com as suas coleções.

As meias finas desapareceram do mercado, por falta dos tecidos que eram confeccionadas, como o náilon e a seda.

As meias foram trocadas por meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras.

No pós-guerra Chanel criou perfumes, luvas e as camélias estilizadas. Esta flor era a sua marca registrada.

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Com a libertação de Paris, em 1944, os soldados trouxeram além da alegria, o ritmo do jazz, as meias de náilon americanas e o perfume Chanel no. 5, para suas mulheres.

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Perfume Chanel no. 5

 

CHANEL E O AMOR DEPOIS DA GUERRA: DORMINDO COM O INIMIGO

 

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Hans Gunther von Dincklage e Coco

 

No clima sombrio de 1944, Chanel é detida. Mas, logo depois ela foi solta. As mulheres que tiveram relações sexuais com os alemães, os chamados colaboracionistas, tinham a cabeça raspada e às vezes eram levadas às ruas, nuas para serem ridicularizadas pela população.

A sua ligação com Hans Gunther von Dincklage, um oficial alemão deixou a população francesa ressentida com a estilista.

O oficial partilhou da vida de Chanel durante e após a Ocupação. Ele dizia para Chanel que era da embaixada, quando na verdade ela era o responsável pela propaganda do Reich em Paris.

Chanel depois desta confusão toda, ela resolve deixar Paris e ir para Suíça. Lá ficou por 15 anos.

Neste período, “o dono da moda” em Paris era Cristian Dior.

No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da moda lançada por Coco Chanel anteriormente. As restrições de tecidos foram suspensas nos Estados Unidos e em 1949 na Europa.

A maquiagem era improvisada com elementos caseiros, porque o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.

A moda era chamada de “ready-to-wear” (pronto para usar) que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu.

O isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para criar sua própria moda. Os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos foi um sucesso de vendas.

Em 1946 foi lançado o primeiro biquíni (que deve seu nome a um atol oceânico onde o exército americano experimentava suas bombas atômicas), inventado por Louis Réard (FAUX, 2000, p. 146)

Em 1949, Simone de Beauvoir publica “O Segundo Sexo”, criticando a felicidade da vida doméstica, uma lamentável regressão feminina, segundo a autora. (FAUX, 2000, p. 152)

 

A MODA DOS ANOS 50, COM CHRISTIAN DIOR E O NEW LOOK

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New Look de Dior – anos 50

Considerando ainda a escassez de tecidos, as mulheres reformavam suas roupas e utilizava materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso. As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram muito usadas pelas mulheres.

O sucesso imediato do “New Look”, de Dior e  como a coleção ficou conhecida, indicava que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos com a guerra.

O estilista estava imortalizado com sua “obra”, que traduzia a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.

 

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Christian Dior no auge de seu estilo

 

 

CHANEL E O RETORNO DO EXÍLIO

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O retorno de Coco Chanel

 

Em 1953, Chanel volta ao trabalho e abre a sua maison no ano seguinte. Ela estava com mais de 70 anos.

Infelizmente, o desfile que realizou depois de sua volta foi um fracasso e ela admitiu que 15 anos de ausência a fez perder a prática. Ela precisou de 1 ano para recuperar-se, mas seu sucesso voltou foi nos EUA.

 

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Sapatos bicolor Chanel

Em Nova York, os compradores começaram a chama-la de Coco. E as mulheres adoraram o seu tailleur.

Ela vivia apenas para o trabalho, ela trabalhava diretamente no corpo das manequins.

O princípio da estilista francesa era a simplicidade somada com a elegância, como o famoso vestidinho preto. Seus modelos eram enxutos, despojados de decoração, em cores neutras e de formas simples, batizados como “pobreza de luxo”. (Mackenzie, 2010, p. 75)

Suas criações não tinham nomes, apenas números. As manequins quando se apresentavam carregavam um número fixado em sua roupa.

ANOS 60: A MODA RETORNA AO CINEMA 

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Figurino de Chanel para o filme 

“Ano passado em Marienbad”,  (1961)

O estilo da personagem Delphine, no filme “Ano Passado em Marienbad”, de 1961, com direção de Alain Resnais, foi de Coco Chanel. “Ano passado”  é um grande filme de arte, com cenário barroco e personagens complexos.

COCO CHANEL: UMA MULHER,

UMA MARCA 

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Chanel

Ao longo dos anos, Chanel e suas roupas revelaram a imagem feminina que passou por grandes transformações e que foram representadas na passarela e na tela e acabou sedimentando um perfil da mulher sofisticada e moderna.

Segundo os estudiosos da moda, Coco foi a estilista mais importante do século XX e morreu aos 87 anos, em 10 de janeiro de 1971.

Em pleno Modernismo ela criou um novo estilo para a moda. A criação do tailler (saia/casaquinho, com bolsinhos), o vestido de jérsei, o vestido preto em 1926, o cabelo estilo Chanel (corte de cabelo curto para mulher) e a moda unissex.

A Broadway também quis se apropriar um pouco de Chanel, quando lançou um musical baseado em sua vida, na década de 70. No papel de Coco, a atriz Katharine Hepburn.

Para Chanel a moda não é arte, é apenas um ofício. Mas, a fama e o sucesso pelo seu trabalho, compensaram a estilista que fundou nada menos do que a empresa de vestuário Chanel S/A, uma marca eterna.

 

Rosângela D. Canassa

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