Pierre Auguste Renoir e o Impressionismo: as diferentes formas de ver o cotidiano

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Dança na Cidade – 1883 – Renoir

Pierre Auguste Renoir nasceu em Limoges/França em 25/2/1841 e foi o pintor impressionista que ganhou mais popularidade e que revelou a intensa movimentação da vida parisiense, os personagens do cotidiano e as naturezas mortas. O artista iniciou a sua carreira aos 13 anos pintando pratos de porcelana e trabalhando com cerâmica e com o salário, ele pagava as aulas de arte.

 

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O jovem Renoir

 

Renoir aos 19 anos mudou-se para Paris e fez escola no estúdio do pintor suíço Charles Gleyre (1806-1874), pelo qual também passara o então aprendiz Claude Monet que se tornou amigo.

Em 1862 o artista foi aceito na École de Beaux-Arts e em 1867 fez um retrato de sua namorada. Na época ela foi retratada na obra “Mulher com sombrinha” e foi aceita pelo salão. Esta obra é precursora das obras realizadas ao ar livre.

 

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Mulher com sombrinha – Renoir - 1867

 

Renoir casou-se com Aline Renoir (1859-1915) e tiveram três filhos: Pierre, Jean e Claude. (Farthing, Sextante, p. 246)

O Impressionismo surgiu no período de 1860-1900, em Paris e nascia oficialmente um novo movimento artístico, onde os pintores rejeitavam a tradição acadêmica de representação mundo e suas pinturas evocavam as impressões perceptivas de luz solar, cor e sombras. (Litle, 2010, p. 84)

O resultado em seus trabalhos eram as pinceladas mais soltas e naturais aproveitando a intensidade da luz, ao ar livre, para imprimir na tela contornos nítidos, sombras que deviam ter a sua luminosidade colorida. O método En plein ar ou sur le motif como ficou conhecido visava buscar a inspiração ao ar livre e pela impressão subjetiva.

 

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O passeio – Renoir – 1870

Os artistas Claude Monet, Camille Pissaro e Pierre Auguste Renoir tiveram as suas obras barradas no Salão de Paris, portanto, eles decidiram realizar uma exposição patrocinada por Napoleão III e a obra prima revelada é “Almoço na Relva”, de Manet.

A exposição foi realizada no estúdio do fotógrafo Félix Nadar e estes artistas propunham uma nova forma de pintar, um novo estilo ao recriar imagens cotidianas de acordo com o que sentiam, eram as suas impressões do cotidiano e da natureza.

Outros impressionistas importantes foram Edouard Monet e Edgar Degas. Eles se rebelaram contra a forma acadêmica francesa de fazer arte que pregava a pintura quase real.

Renoir pintava paisagens, mas no final de 1860 seu interesse básico foram as figuras humanas e sua maior contribuição ao Impressionismo foi o tratamento impressionista da luz, da cor e do movimento como a cena do Baile do Moulin de la Galette (1876).

 

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Baile do Moulin de la Galette – 1876

 

Nesta obra de Renoir o quadro foi recebido com aplausos e críticas. A obra retrata um baile vespertino, no jardim do Moulin de la Galette, que era um antigo moinho de Montmartre, em Paris. (Farthing, 2011, 322)

Outro tema bastante comum de Renoir são momentos em bares, restaurantes e festas.

 

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O almoço na festa no barco – 1880-1881

Paris tornou-se não apenas o centro da vida artística e cultural, mas também a protagonista nos quadros destes pintores, com imagens fragmentadas formadas por muitas pinceladas de cor.

Renoir usava fragmentos de cores claras para dar a impressão de luz bruxuleante entre as folhas e depois ele retratou os movimentos rápidos como as imagens dos bailes.

 

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Baile em Bougival – Renoir – 1882/1883

Em 1883, o artista rompeu com o Impressionismo puro e começou a pintar nus clássicos sem o erotismo feminino.

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A banhista loura – Renoir – 1882

Ele preferia retratar as mulheres em momentos de lazer, festa, dança ou simplesmente sentada no jardim: “Renoir era apaixonado pelas mulheres e as retratava em cenas sociais. Percebemos em suas obras uma celebração da felicidade”, diz Fernando Amed, professor de história da arte da universidade de Belas Artes de Nova Iorque. (revista IstoÉ Platinum, maio/2012, p. 30)

Segundo Kenneth Clark: “Todos aqueles que escreveram sobre Renoir lembram sua adoração pelo corpo da mulher”. (Duprat, Museu de Arte de S. Paulo, 2009)

No quadro “Les Parapluies” (Os guarda-chuvas), que fica na Galeria de Londres, o artista representa de forma espetacular a moda feminina, de diversas classes sociais e idades.

 

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Les Parapluies – Renoir – 1881

A ligação de Renoir com a moda é porque seu pai era alfaiate em Limoges, no sudeste da França, onde o artista começou a pintar as clássicas porcelanas que levam o nome da cidade.

Na obra “O Balanço”, Renoir com a sua habitual vivacidade retrata a sua vizinha Jeanne e o pintor Norbert Goeneutte em companhia de um outro homem e de uma menina.

 

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O balanço – 1876 – Renoir

O Impressionismo exigia um novo paradigma visual do artista nos domínios da imagem e das cores e que acabaram revelando a própria sociedade parisiense.

A pintura dos impressionistas deixava de ser técnica para ser ótica causando efeitos ilusórios e a partir de 1880, os pintores mais importantes do Impressionismo começaram a trabalhar de forma mais independente em relação ao estilo.

O Impressionismo não causou somente uma revolução na forma de pintar e representar a realidade, o cotidiano, mas também no modo de ver, de observação do objeto.

A sensibilidade visual do artista também enfatizava as mudanças nas diversas estações do ano, criando novos códigos de representação pictórica e foi um representante do movimento Impressionista, que marcaria o início da arte moderna.

O artista Jean Auguste Renoir morreu em 03/12/1919 e apesar de ter tido uma vida difícil sendo que ele teve que trocar obras por um prato de comida, o artista dizia: “Por que a arte não pode ser bela?”. Renoir questionou: “Existem coisas desagradáveis o suficiente no mundo.” (Jean Auguste Renoir)

Referência bibliográfica:

1- FARTHING, Stephen. 501 Grandes artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

2- ________________. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

3- LITTLE, Stephen. ...Ismos para entender a arte. São Paulo: Globo, 2010.

4- Revista IstoÉ Platinum – maio/2012.

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