Em Cartaz - Mulher-Maravilha 1984

Mulher-Maravilha 1984

Wonder Woman 1984




Um aspecto que me agradou bastante em Mulher-Maravilha 1984 (2020) foi o fato de o filme abandonar qualquer lógica do mundo real, abraçando de forma absoluta a fantasia para provocar emoções à audiência. Afinal, quem poderia cobrar compromisso com a realidade de um filme com pessoas tendo super poderes andando fantasiadas?
O filme inicia mostrando Diana (Gal Gadot), a Mulher Maravilha, vivendo sua infância na sua ilha natal Themyscira em uma sequência belíssima plasticamente de competição entra as amazonas. É verdade que a magia acaba quando um dos personagens começa a falar, revelando um texto digno das animações Disney clássicas na sua mensagem edificante, mas muito mais cafona. Porém, depois do choque inicial, as frases constrangedoras combinam com o clima de fábula da obra, que claramente se sai melhor se for interpretado de forma não literal.
Os vilões são excelentes, com destaque para Pedro Pascal como Maxwell Lord, um vigarista fracote que simplesmente se torna poderoso por um lance de pura sorte. Em uma estratégia mais comum nos filmes da Marvel, os malfeitores são dignos de pena e suas ações são de certa forma justificadas, apesar de condenáveis – Kristen Wiig consegue gerar no público empatia e compaixão pela sua personagem, a vilã Barbara Minerva.
Capturando o público pelo coração e nunca pelo cérebro (tive espasmos em cada cena utilizando câmera lenta), MM84 traz uma mensagem relevante política e socialmente: o quanto nossos desejos pessoais e egoístas, nossas necessidades que só satisfazem a nós mesmos, contribuem para a degradação do mundo e da sociedade? Através dos exageros típicos dos filmes de heróis, talvez uma parcela do público pare e pense sobre isso e consiga enxergar algo além das explosões e da pancadaria.

P.S. há uma cena adicional com uma participação mais do que especial para quem assistiu seriados de super-heróis na TV dos anos 70 e 80.


Nota: 3/5



Fabio Consiglio

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