THE DOORS E O MUNDO ROSA DA BARBIE

 


Eu fui comprar uma camiseta rosa do conjunto musical The Doors numa loja de shopping e a vendedora me pergunta o seguinte: Vai ao cinema ver Barbie? No momento não concatenei a banda musical com a Barbie. Fiquei em silêncio tentando entender o que a moça estava querendo saber. E ela continua: “Moda Barbie, entende?”.

Justifiquei a ela que meu motivo da compra era a estampa do conjunto musical que gosto e foi transformado numa paisagem rosa. Mas quem foi The Doors? Ela não conhecia. Expliquei que, a banda de rock norte-americana, que foi fundada em 1965, em Los Angeles era composto por Jim Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore.

A banda recebeu esse nome por sugestão de Morrison com base no título do livro de Aldous Huxley (1894-1963), que foi um escritor inglês, autor do clássico da literatura Admirável Mundo Novo e The Doors of Perception. Em português As Portas da Percepção, é uma autobiografia escrita pelo autor e publicada em 1954, que discorre sobre sua experiência psicodélica sob o efeito da mescalina em maio de 1953. A substância é fabricada por uma porção de um pequeno cacto sem espinhos utilizado pelos indígenas do México em eventos cerimoniais e que possui entre seus agentes ativos a mescalina, elemento alucinógeno. Tal experiência, realizada sob rigoroso acompanhamento médico, proporcionaram ao autor uma "visão sacramental da realidade".

O texto de As Portas da Percepção seria complementado mais tarde por um ensaio de 1956 denominado Heaven and Hell ("Céu e Inferno"), que de certo modo dá uma conclusão ao livro, e vem sendo publicado em conjunto com este desde a mesma data. Portanto, a obra do autor trata-se de um marco da contracultura, dando início a várias outras experiências no mesmo sentido, em especial as realizadas pelo professor, psicólogo e neurocientista Timothy Leary. A sua obra já foi chamada de A Bíblia psicodélica, sendo que seus resultados são ideias e estudos considerados revolucionários e "perigosos demais para as pessoas comuns", ainda hoje.

O ser humano tende a ignorar na maioria das vezes, tudo do que se passa diante dele, ou minimiza os efeitos sensoriais das coisas em geral. E a cor rosa da Barbie tem efeito psicodélico (que foi moda nos anos de 1960) e o estilo foi utilizado pela moda.

O cinema sofre a influência da moda e da cultura popular em geral e através de personagens femininos ou masculinos, considerando que o sujeito masculino ou feminino, não tem status visual separado da roupa e/ou adorno. Roupas e outros tipos de ornamentações fazem com que o corpo humano se torne culturalmente visual e a roupa desenha o corpo de modo que ele possa ser visto culturalmente e como um mecanismo de identidade. A roupa é uma condição necessária da subjetividade que, ao articular o corpo, articula também a psique. E considerando que o ato de se vestir não é apenas o de cobrir o corpo, mas de satisfação e identidade, inserido em um contexto social, econômico e cultural, torna-se, portanto, um objeto comunicativo.

No mundo Barbie impera um modelo em que o belo (transferido para a cor rosa) está além do cenário, nas roupas das figuras esbeltas, sem barriga, com nádegas arredondadas, boca e seios grandes, ou seja, não bate com a realidade. Nesse “Admirável Mundo Novo” das bonecas e dos humanos dormem em suas mentes, um bombardeio  de propagandas ideológicas.

 

Postado em: 23/07/2023

Autora: Rosângela Canassa – psicóloga e escritora.

 

 

 

 

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