NAQUELE DOMINGO




















O nego José morava no interior da Bahia e
o seu codnome era Chorão.
Tinha cara de bebê angustiado,
o olho arregalado, mas tinha bom coração.
O nego usava um cravo na lapela e
sorria quando falava de Rosa,
dizia que era muito bela.
José cumpriu o seu destino,
antes do almoço, naquele domingo,
tomou sua última cachaça,
no bar do seu Celestino.
O nego caiu na sarjeta,
de boca aberta e com uma rosa vermelha na mão.
Uma bala perdida perfurou o seu peito,
o cravo na lapela,
não deu a ele a proteção.
Chorão não teve tempo de presentear o seu amor,
no dia do aniversário de seu casamento.
Ele planejou comemorar o acontecimento,
com uma flor para Rosa,
mas foi morto naquela manhã de setembro.
RDC

Comentários

O "nego José" é um dos tantos com brilho nos olhos e lágrimas que só ele sente, invisíveis aos olhos dos comuns, mas com um vontade imensa de "beber o mundo" em poucos goles....ao contrário de mim que quer em um só.

Lindo texto. Intenso e reflexivo.

Abraços.

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