CHAPLIN: O DONO DO RISO

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Robert D. Jr (Chaplin)

O filme “Chaplin” produzido nos EUA, em 1992, com direção de Richard Attenborough, conta a história do comediante Charles Spencer Charles, que nasceu no subúrbio pobre de Londres, porém triunfou no cinema e foi ator, diretor, roteirista, produtor, autor de trilha sonora de seus filmes, bem como, foi dono do próprio estúdio cinematográfico.

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Charles Spencer Chaplin

A sua história começa quando ele vai atuar no teatro com sua mãe, até o recebimento de um Oscar especial em Hollywood, em 1972, como um dos maiores gênios do cinema. A atriz Geraldine Page (filha dele) interpreta a sua própria avó no filme.

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Geraldine Page

Robert Downey Jr interpreta o papel de Chaplin neste filme, que é a biografia do artista. O ator levou para o cinema sua experiência no teatro e recriou toda a sua infância pobre retratando-a por meio de seus personagens, como O Vagabundo.

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Robert Downey Jr/Chaplin

O personagem criado por Chaplin é patético e nos diverte ao usar a sua pantomima, com fundo humorístico e composto de perseguições, pancadarias, etc.

O Vagabundo vive na marginalidade, no sentido de viver “à margem da sociedade”, como Chaplin, que durante as suas estadias nos orfanatos de Londres, enquanto sua mãe se recuperava em uma clínica psiquiatra, ele dormia na rua, em muitas ocasiões.

Este personagem é fictício, mas o artista colocou muitos aspectos subjetivos de sua vida particular em suas histórias, inclusive neste personagem.

Chaplin descobriu sozinho seu figurino, que era composto de uma calça fofa, surrada, o paletó descosturado, a bengala e a cartola, tornando o artista inconfundível.

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Figurino do Vagabundo

O Vagabundo usa a hábil coordenação motora, a graça, o melodrama, talvez seja o personagem reconhecido como a imagem mais famosa da terra, segundo as palavras do cineasta do cinema mudo, Mack Senett.

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Chaplin o dono do riso

O filme também relata sobre a vida amorosa e intensa deste comediante e os problemas de ordem política que o levaram a ser expulso dos EUA, por ser confundido com um comunista.

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Paulette Godard, uma das esposas de Chaplin

Charles Spencer Chaplin (1889-1977) rompeu com as técnicas mecânicas e cruas de Sennett e introduziu os traços patéticos e o pano de fundo social em suas farsas, mais estruturadas e ambiciosas. (Bergan, 2010, p. 16/17)

Chaplin e a origem do cinema americano

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A década de 1910 fica marcada pela I Guerra Grande Guerra Mundial, que inevitavelmente influenciou o cinema. Com o início do conflito, os filmes americanos começaram a ganhar terreno devido à redução da produção europeia, com exceção da Suécia. A comédia americana surgiu em 1912, com Mark Sennett e sua Keystone Company que era o grupo de policiais trapalhões, que atuaram em muitos filmes mudos. Senett concebeu um tipo de comédia ligeira e irreverente, para sempre associada ao seu nome.

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As comédias americanas na década de 10

Charles Chaplin ou Carlitos como ficou reconhecido no Brasil, a sua personalidade acabou fundindo-se com o personagem que criou, dirigiu e nos presentou durante décadas, o Vagabundo.

O seu método de trabalho consistia em fazer numerosas provas até obter a perfeição absoluta, mas tal procedimento prolongava o tempo de filmagem, porém o cineasta não se preocupava com despesas. Chaplin era um homem minucioso e perfeccionista.

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Charles Chaplin (o Vagabundo)

O personagem “O Vagabundo” de Charles Chaplin surge pela primeira vez no filme Kid auto races at Vernice e ele começa a produzir os próprios filmes.

Para o crítico Ebert, falar não era a forma de expressão do Vagabundo. Na maioria dos filmes mudos, há uma ilusão de que os personagens conversam, mesmo que não possamos ouvi-los.

Mas o Vagabundo é um mímico até o fundo da alma, alguém para quem a expressão corporal é a forma que encontrou para falar. Ele sobrevive num plano diferente dos outros personagens. (Ebert, 2004, p. 294-295)

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Os fundadores da United Artists: Douglas Firbanks, Mary Pickford,

D.W. Griffitch e Charles Chaplin

Em 1919, surge a distribuidora United Artist de Charles Chaplin, Mary Pickfor e de seu marido Douglas Fairbanks e D. W. Griffith e aí começaram a surgir os verdadeiros clássicos chaplinianos. Chaplin produziu 1.500 filmes, em 18 nos de carreira. Ele trabalhou com Harold Lloyd, Buster Keaton e Mack Sennett. O Sr. Sennett (1880-1960) é considerado o pai da comédia cinematográfica (autor da torta na cara), além de ser o maior descobridor de talentos que já houve notícia na história do cinema. Ele descobriu Chaplin e segundo ele, é o maior gênio cômico de todos os tempos. (Moraes, 1991, p. 132)

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Chapéu de Chaplin

A origem do cinema está ligada ao “music hall” e às variedades e desenvolveu o gênero cômico baseado nos recursos da pantomima e Charles Chaplin foi o mais popular entre os cômicos do cinema.

Para o crítico Ebert, Chaplin e os demais cineastas do cinema mudo não conheciam limites linguísticos, seus filmes foram para todos os lugares, independentemente do idioma e as falas mais pareciam uma Torre de Babel, erigindo paredes entre as nações (...) Chaplin também era um mestre dos detalhes, um gigante do cinema mudo. (Ebert, 2004, p. 245)

O advento do cinema sonoro:

a imposição da palavra sobre o gesto

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O primeiro filme sonoro “The jazz singer”(1927)

No final da década é exibido o primeiro filme sonoro: “O Cantor de Jazz”, de Alan Crosland e a interpretação de Al Jonson. Os filmes sonoros foram um sucesso imediato, mas alguns atores, como Mary Pickford não conseguiu fugir à imagem do cinema mudo e teve que se retirar do cinema.

A Era do Cinema Mudo assistiu à consolidação do sistema de estúdios, que duraria até os anos 50.

Nessa década, as primeiras grandes estrelas, como Garbo e Dietrich iluminaram as telas. Mas, em 1929 uma inovação tecnológica mudaria o rumo do cinema. (Bergan, 2007, p. 20)

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Mary Pickford

O advento do cinema sonoro afetou a Comédia Pastelão, mas os talentos de Charles Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd dominaram os filmes de comédia.

Um dos fatores decisivos que contribuíram para o desenvolvimento do cinema era que o público queria saber mais sobre a vida pessoal dos atores e atrizes e os estúdios criaram o star system, onde as estrelas de cinema tinham influencia sob a bilheteria dos filmes. Os estúdios perceberam o valor de identificar atores com certos papéis para que o público os associasse a suas “personalidades”. (Bergan, 2010, p. 21)

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Greta Garbo

Durante o período das guerras, por exemplo, as estrelas de cinema participaram no esforço de guerra, interpretando papéis em filmes de propaganda e vendendo ações de guerra. As atrizes de Hollywood normalmente possuem um sex-appeal. Para Serguei Eisensten isso significa que “uma bela estrela norte-americana é conseguido através de muitos estímulos: da textura do tecido de seu vestido; da luz da iluminação equilibrada e enfática de sua figura; (positivo para a plateia norte-americana);etc.” (Einsenstein, 2002, p. 73)

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O comediante Oliver Hardy

A era do cinema mudo foi o apogeu da comédia americana, que obteve grande audiência mundial, sobretudo graças ao talento de Charlie Chaplin, Harry Langdon e Stan Laurel e Oliver Hardy.

 

 

Filme: EM BUSCA DO OURO (1925)

Roteiro/Direção: Charles Chaplin

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Charles Chaplin – cena do filme

A ideia de Em Busca do Ouro (1925) nasceu num domingo pela manhã na casa do casal Douglas Fairbanks e Mary Pickford. Lá, Chaplin encontrou muitas fotografias das regiões entre a fronteira do Alasca e o Canadá e se lembrou de que lá ocorreu a febre do ouro entre 1869 e 1910. A paixão de milhares de homens desesperados para mudar o rumo de suas vidas, após o achado de algumas pedras de ouro. Ele considerava este filme a sua obra-prima. Na versão original Em Busca do Ouro tem acompanhamento ao piano e na reedição que Chaplin preparou para 1942, acrescentou uma narração em sua própria voz e de uma tentativa de enxertar diálogos na trama. Como o próprio Chaplin afirmou, o filme pelo qual ele mais esperava ser lembrado é Em busca do Ouro.

 

Filme: Tempos modernos

e a era de ouro dos estúdios de Hollywood

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cena de Tempos Modernos

A era de ouro é o período que engloba os anos de 1930 a 1950 em Hollywood e ocorre quando os Estados Unidos refeitos da Grande Depressão encontram no cinema uma forma de se reafirmar, seja pelo musical, pelo drama edificante, pela comédia de costumes, seja pelos faroestes. (Borgo, 2009, p. 304)

Assim, esta era a época em que o cinema era o principal divertimento dos americanos em que ele se torna no mundo inteiro o lazer popular por excelência. Isso se deve, antes de mais nada, à revolução técnica do cinema falado que, desbancando rapidamente o cinema mudo, obriga os criadores, de início reticentes diante do que temem vir a ser um simples teatro filmado, domesticar essa nova linguagem e a inventar para ela uma gramática. (...) No mesmo momento, Hollywood se torna a fábrica de sonhos que, através dos gêneros canônicos (....), traz a um público de massa sua dose cotidiana de imaginário. O filme estreou em Nova York em 1936 e foi recebido com desdém pela crítica por ser considerado uma propaganda comunista e um plágio ao filme “A Nós a Liberdade”, de René Clair. Este é também seu último filme sem diálogos. No lançamento, deu prejuízo nos EUA. Em seguida foi proibido na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, onde o consideraram “socialista”. Chaplin recebeu elogios de todos os seus colegas, desde Eisenstein até Buñuel e Fellini que o definiu acertadamente com estas palavras: “É um homem que fala a outro homem”.

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Filme: O GRANDE DITADOR (1940)

Direção: Charles Chaplin

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cena do filme

O filme O Grande Ditador (1940) foi a primeira obra de Chaplin a conter diálogos. No papel do ditador fictício Adenoid Hynkel satiriza o regime nazista e conclama o mundo a reagir ao totalitarismo, num momento em que os Estados Unidos ainda não haviam entrado na Segunda Guerra Mundial. Este é o seu primeiro filme de deixa de interpretar O Vagabundo. Chaplin ainda usa técnicas do cinema mudo e lança novamente a sua crítica feroz contra a sociedade moderna por meio de seu incrível personagem inspirado na figura de Hitler. O ator interpreta um barbeiro judeu que sofre de amnesia. No Brasil, o filme foi censurado pelo governador Getúlio Vergas que, primeiramente, manteve-se neutro em relação à guerra.

(revista Os Clássicos do Cinema)

 

A vida sentimental de um cômico

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Cena de Luzes da Cidade

A agitada vida sentimental de Chaplin começou com o seu casamento com Milfred Harris. Eles se conheceram quando ela tinha apenas 14 anos. Casaram-se três anos mais tarde devido à sua gravidez, em outubro de 1918.

Em agosto de 1920, ocorreu o divórcio e num novo casamento de Chaplin com Lita Grey. Eles se casaram em 1924, quando ela tinha 16 anos e, após ter participado como atriz no filme O Garoto (1920), estava previsto que fosse a protagonista do filme Em Busca do Ouro, inclusive chagou a filmar algumas cenas, porém a sua gravidez obrigou-a a deixar o trabalho. O casal tiveram dois filhos: Charles e Sydney. A atriz Georgia Hale, atriz descoberta por Joseph Von Sternberg em 1925, como protagonista de The Salvation Hunters. Quando se incorporou às gravações de Em Busca... ela ficou imediatamente seduzida pelo tratamento dispensado por Chaplin. Anos depois, afirmou que Chaplin oferecia a cena pronta porque nos fazia atuar desde muito tempo antes, aumentando assim a identificação com o personagem nos momentos difíceis.

Depois ele se casa com Paulette Godart e Joan Barry, mãe de um filho dele.

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Paulette Godart

Depois, casa-se com Oona O `Neil, filha do dramaturgo Eugene O `Neil.

Chaplin deixou os EUA em 1952, com a mulher e foi morar na Suíça, onde permaneceu até a sua morte, num dia de Natal.

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Oona O `Neil, última esposa de Chaplin

O artista do “não dito” com suas pantomimas foi um sucesso com suas tragédias pessoais que transformou em comédias.

Ficha técnicas dos filmes apresentados:

a) Título: Chaplin

Diretor: Richard Attenborough

Ano: 1992

Paises: EUA/Reino Unido/ França e Itália

Elenco: Robert Downey Junior (Chaplin), Diane Lane (Paulette), Dan Aykroyd (Senett), Geraldine Page (Hanna Chaplin), Paul Rhys (Sidney), Moira Kelly (Oona O´Neil), Anthony Hopkins (George Hayd único personagem fictício), Milla Jovovich (Mildred Harris), Marisa Tomei (Mabel Normand), Kevin Kline (Douglas Fairbanks), Maria Pitillo (Mary Pickford) e Déborah Moore (Lita Grey).

b) Título: Em busca do ouro

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1925

Elenco: Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray, Henry Bergman, Malcom Waite e Georgia Hale.

c) Título: Tempos Modernos

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1936

Música: Charles Chaplin

Elenco: Charles Chaplin, Paulette Godard, Henry Bergman, Tiny Sandford, Chester Conklin, Hank Mann, Stanley Blystone.

d) Título: O grande ditador

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1940

Elenco: Charles Chaplin (Adenoid Hynkel/Barbeiro Judeu) e Paulette Godard (Hanna)

Sites consultadosi/imagens

www.chambel.net

www.historiaecinema2.blogspot.com

WWW.faroartesepsicologia.blogspot.com

Referência bibliográfica:

1) BERGAN, Ronald. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.

2) ____________. Cinema: guia ilustrado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

3) BORGO, Érico. Almanaque do cinema. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.

4) EBERT, Roger. A magia do cinema: os 100 melhores filmes de todos os tempos analisados pelo único crítico ganhador do Prêmio Pulitzer. Rio de Janeiro, Ediouro, 2004.

5) EISENSTEIN, Serguei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

6) MORAES. Vinicius de. O cinema de meus olhos. São Paulo: Cia das Letras/Cinemateca Brasileira, 1991.

7) Revista Os clássicos do cinema: Em busca do ouro. Barcelona: Altaya, 1996.

8) WEISSMAN, Stephen. Chaplin: uma vida. São Paulo: Larousse, 2010.

Rosângela D. Canassa

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