O ESTILISTA ALCEU PENNA: O DESCOBRIDOR DA MULHER MODERNA BRASILEIRA

(DÉCADAS DE 40 E 50)

 

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Figurino inspirado na ópera Carmem de Bizet (Alceu Penna)

 

 

Alceu Penna nasceu no dia 10 de janeiro de 1915, em Curvelo (Minas Gerais), mas logo se mudou para o Rio de Janeiro, onde viveu até a sua morte em 1980.

Ele foi o primeiro grande estilista de moda brasileira e desenhava as suas garotas com penteados, roupas e atitudes que eram imitadas por quase todas as mulheres na década de 50. As suas roupas tinham saia rodada, babados, cintura marcada que era o estilo típico dos anos 50 e que também lembravam as vestimentas usadas pelas atrizes americanas nos filmes de Hollywood e também por Carmem Miranda.

 

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Revista O Cruzeiro – Capa Carmem Miranda

 

 

Penna se inspirou nos filmes de Barbarella e de Theda Bara para compor alguns de seus desenhos de moda.

 

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Filme Barbarella – 1968 (Jane Fonda)

 

 

Além do estilo anos 50 em seus figurinos ele também usava muitos decotes, recortes, peles nuas, abertas ao sol, no eterno jogo de mostrar e esconder.

Os seus desfiles para a multinacional francesa Rhodia no Brasil tinham muito de brasilidade, com muitas cores. O estilista era conectado com a contra cultura e outros movimentos de vanguarda, como a Pop Art.

 

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Vestido de Alceu Penna para a coleção da empresa

 

 

Rhodia no Brasil (1959)

Penna desenvolvia seus desenhos influenciados pela arte de seu País e escrevia em sua coluna: “As Garotas do Alceu”, para a revista semanal O Cruzeiro.

A revista circulou durante 37 anos ininterruptamente e transformou-o num dos nomes mais conhecidos da imprensa brasileira. O último número publicado foi em maio de 1975 e depois com o novo dono, encerrou no ano de 1980, quando parou de circular definitivamente.

Na época, as mulheres copiavam os seus modelos, porque ele tinha a capacidade de informar ao leitor em poucas palavras e pelo seu desenho, qual o tipo de tecido usado pelas “Garotas do Alceu”.

 

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As Garotas de Alceu, na revista O Cruzeiro

 

 

As costureiras do Brasil compravam a revista, copiavam e depois costuravam os modelos das suas roupas para as suas clientes.

Penna faleceu quando a obra “O Menino Maluquinho”, de Ziraldo, foi publicada pelo cartunista, que o admirava muito.

A importância dos trabalhos de Alceu Penna se justifica porque o estilista é o um ícone dos anos 40 e 50 no Brasil que influenciou duas gerações de brasileiras, com seu estilo moderno de escrever sobre moda, comportamento e cultura.

Este cartunista, estilista e ilustrador tem sua importância na memória nacional por desenhar e inventar a mulher brasileira de sua época.

 

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Alceu Penna

 

 

Segundo Ziraldo, ele conseguiu interferir na vida e nos hábitos das pessoas deste País, antes do advento da televisão no Brasil.

Penna também escrevia artigos para a revista A Cigarra, dirigidos para o seu público-alvo, a mulher brasileira, jovial, moderna e independente.

O estilista mineiro desenhou muitos figurinos para espetáculos teatrais, bailes de carnaval, concursos de beleza, vestidos de noivas e moda praia.

 

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Estilo moda praia de Alceu Penna

 

Ele era especialista na arte cartunista, figurinista, estilista, artista gráfico e um defensor da emancipação feminina no Brasil, na medida em que, em seus artigos continham sugestões de comportamento para as mulheres. Ele conseguiu conquistar o seu sonho de ser conhecido como o melhor desenhista brasileiro de sua época e também pelos seus figurinos, ao levar a moda brasileira para o exterior. O artista gráfico brasileiro através de seus desenhos representou o universo do jovem brasileiro, destacando-se na revista semanal O Cruzeiro.

 

Referência bibliográfica

1) JUNIOR, Gonçalo. Alceu Penna e as garotas do Brasil: moda e imprensa (1933-1975). Barueri/São Paulo: Amarilys, 2011.

2) PENNA, Gabriela Ordones. Vamos, garotas! Alceu Penna: moda, corpo e emancipação feminina (1938-1957). São Paulo: Annablume, FAPESP, 2010.

Imagens/site:

www.google.com.br – acesso 01/01/2012

Comentários

Mari Ramondini disse…
Tempos bons...
Um dos motivos para a grande circulação da Cruzeiro era o trabalho de Alceu Penna, que estabelecia uma associação entre as leitoras e a própria revista atualizada e ousada para a época.
Outro projeto interessante era do desenhista J. Carlos para a revista Para Todos, na década de 20.
Mari Ramondini
Olá Mari, gosto do Alceu porque ele me lembra as pin-ups.
Obrigada por visitar o blog!
Grande abraço,
Rosângela

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