Tem um tigre no jardim: 
cinema e metáfora em Maus Hábitos de Pedro Almodóvar





O cineasta é idealizado como um ser talentoso o bastante para transformar os impulsos primitivos em formas simbólicas, que facilitam a sua expressão, o reconhecimento e a elaboração dos seus conteúdos psíquicos por meio dos símbolos ou metáforas na realização de um filme.
E durante a leitura da obra pode-se verificar que, pouco a pouco, a insistência de certos temas, assuntos ou argumentos vão se reiterando, se repetindo. 
O espectador ao observar a narrativa vai perceber detalhes que parecem imperceptíveis aos olhos, no momento da  interpretação da cena, mas depois vai se delineando um vasto mundo de possibilidades de se ver uma imagem, por meio de símbolos ou metáforas. 
Portanto, para a apreciação e interpretação de um filme  faz-se necessário deixar-se levar pela imagem ou conteúdo  (conteúdo manifesto), sem defesa, sem julgamento moral ou estético, para poder apreender o que a obra fílmica comunica no seu silêncio (conteúdo latente), conforme a teoria freudiana.
Paradoxalmente, a imagem do tigre no filme Maus hábitos fala em voz alta e em bom som, àquele que sabe escutá-la, imbuído de uma postura paciente e tolerante.
A figura do tigre neste cartaz numa colagem de uma freira causa estranhamento, porque ambos pertencem a mundos distintos, mas a leitura da metáfora é o que vale ser considerado. As colagens propiciam a fuga das imagens de seu destino previsível, despertando-os para uma realidade inteiramente desconhecida.

A imagem como metáfora é uma criação do inconsciente e quanto mais distantes entre si mais forte e emotiva ela será dentro da poética do autor, ao desalojar os objetos de seu sentido unívoco. 

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