Em Cartaz - Jurassic World: Reino Ameaçado

Jurassic World: Reino Ameaçado (2018)

Jurassic World: Fallen Kingdom




Os dinossauros sempre exerceram fascínio nas pessoas iniciando-se na infância – qual criança não adora os lagartos terríveis? Por conta disso, é fácil explicar o sucesso da franquia de dinossauros iniciada por Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros. Nesse filme de 1993 pela primeira vez, graças em grande parte a novidade tecnológica (para a época) de imagens fotorrealistas geradas por computador (CGI), os animais já extintos puderam ser vistos de forma convincente na tela, interagindo com humanos e ambientes e nos fazendo acreditar que eles estavam vivos – pelo menos (felizmente) do lado de lá da tela. Jurassic World: Reino Ameaçado é o quarto filme derivado do original, que mesmo repetindo algumas ideias e arcos dos exemplares anteriores consegue dar novo fôlego à franquia, arriscando-se por novos caminhos e sedimentando um novo rumo para os próximos filmes.
Em Jurassic World: Reino Ameaçado os dinossauros devem ser resgatados da Ilha Nublar, prestes a ser destruída por um vulcão que imaginava-se estar extinto. Dentre as qualidades do filme a estória não e uma delas. Nada faz muito sentido, como a mansão para onde os dinossauros resgatados são levados, que consegue abrigar animais gigantescos em seus subterrâneos ou o dinossauro cujo olfato apuradíssimo só funciona quando interessa ao roteiro, que foi escrito visando principalmente a criação de situações tensas ou emocionantes e cenas de ação. Tudo é feito para odiarmos a maioria dos humanos, tornando-os monstros, e transformando os dinossauros em heróis. Mas o truque de manipulação é tão bem feito que é difícil não vibrar vendo os dinossauros dilacerando determinados personagens.
No meio da estória banal há alguns lampejos de signos interessantes: a empresa que supostamente financiaria o resgate dos dinos para colocá-los a salvo em um santuário na verdade queria lucrar com os animais, mostrando o verdadeiro intuito de toda empresa, o lucro, alertando para que não nos iludamos com bancos promovendo a cultura ou empresas de cartão de crédito doando pratos de comida – tudo não passa de ações de marketing bem estudadas que gerarão dezenas ou centenas de vezes o valor investido; no leilão dos dinossauros (que se transforma, como poderíamos imaginar, em um buffet para alimentar os dinos) entre os compradores temos criminosos como mafiosos russos e traficantes de armas, mas ao lado dos fora-da-lei também temos bandidos legalizados como representantes da indústria farmacêutica e de petroleiras.
Jurassic World: Reino Ameaçado cresce na sua segunda metade, quando a obra transforma-se em um filme de horror. Os dinossauros escapam e passam a “assombrar” a mansão, criando cenas memoráveis, como o ataque no quarto da garota Maisie Lockwood (Isabella Sermon), sequência assustadora e bela ao mesmo tempo. A franquia sai da sua ambientação original – a selva – e entra na cidade, remodelando a dinâmica dos próximos filmes.


A casa mal-assombrada, mas ao invés de fantasmas temos dinossauros


Finalmente, há um interessante discurso do vilão Eli Mills (Rafe Spall) rebatendo a mocinha Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) afirmando não apenas ele, mas todos exploram os animais, o que cabe muito bem a qualquer um de nós que consome produtos derivados dos bichos à custa de muito sofrimento e morte, as quais preferimos ignorar. Para aqueles que, como eu, sempre torcem pelos animais nos filmes, é um choque de realidade e um alerta para nossa hipocrisia.


Nota: 3/5



Fabio Consiglio

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