O FILME JAULA E O ABUSO SEXUAL
INFANTIL
Rosangela Canassa
Jaula é
um triller psicológico, que narra a história do casal Paula e Simon, que
não consegue ter filhos, mas se deparam com uma oportunidade única. Logo no
início, uma menina, chamada Clara, é encontrada vagando sozinha na estrada e
levada para um hospital local.
Depois de alguns dias
internada, os médicos afirmam que não podem ficar com ela durante muito tempo e
o casal decide levá-la para casa e cuidar da garotinha. Clara pouco fala e só
consegue ficar tranquila enquanto se mantém dentro de um quadrado desenhado com
giz no chão.
Jaula foi
inspirada num caso horrendo, que ficou conhecido como o Monstro de Amstetten -
Josef Fritz, o austríaco que conhecido mundialmente após aprisionar sua filha por
décadas e ter 7 filhos com ela. Depois que o mundo descobriu o segredo, que ele
guardava dentro de sua casa, durante 24 anos. Fritzl manteve sua filha
encarcerada no porão, onde ele a estuprava rotineiramente. O próprio criminoso,
que se declarou culpado no julgamento e reconheceu que foram mais de 3 mil
episódios de abuso sexual.
Elizabeth Fritzl, que tinha
17 anos ao ser encarcerada e só foi libertada aos 42 anos, em 2008, quando uma
de suas filhas teve complicações no pulmão e precisou ser internada às pressas
num hospital. A cor da pele e o péssimo estado dos dentes de Elisabeth chamaram
a atenção da polícia. Josef foi preso, julgado e, há exatos dez anos, condenado
à prisão perpétua.
Hoje, o "monstro"
tem 83 anos de idade e, segundo reportou o jornal austríaco Österreich está
apresentando sinais de demência. O criminoso, que cumpre pena na penitenciária
de Stein, nos arredores de Viena, está recluso em sua sala, sem interagir com
outras pessoas. De acordo com funcionários de prisão, ele, que é engenheiro de
formação, se nega a cumprir suas tarefas, que incluiria a manutenção de
instalações elétricas e a entrega de comida a outros detentos. Na maior parte
do tempo, fica isolado na cela e não faz contato com os demais prisioneiros.
Abuso sexual infantil
Todo sintoma, todo pesadelo,
todo comportamento que não reconhecemos como coerente com o que somos deve ser
dissecado para ligá-lo a sua origem, às violências sofridas.
Por exemplo, um odor que dá
mal-estar e vontade de vomitar se reporta a um odor do agressor, uma dor que
deixa apreensivo se reporta a uma dor sentida na ocasião das agressões, um
barulho que parece intolerável é um barulho escutado e na ocasião da violência,
como um barulho de chuva se chovia.
No caso de Clara, ela tinha
medo de sair do quadrado (seu quarto), porque o pai agredia a sua mãe).
“Os scanners revelaram que,
durante os flashbacks, os cérebros de nossos sujeitos acendiam apenas no lado
direito. Hoje sabemos que as duas metades do cérebro falam línguas diferentes.
O hemisfério direito é intuitivo, emocional, visual, espacial e tátil, e o
esquerdo é linguístico, sequencial e analítico. Enquanto o esquerdo tem o
monopólio da palavra, o direito transmite a música da experiência”.
O tálamo é uma espécie de
"cozinheiro" – um posto intermediário que recebe as sensações dos
olhos, da pele e das orelhas e as integra na sopa da memória autobiográfica. A
interrupção completa do tálamo explica por que o trauma é mais lembrado, não
como uma história (começo, meio e fim), mas na forma de impressões sensoriais
isoladas: imagens, sons e sensações acompanhadas de emoções intensas - em
geral, terror e impotência.
As impressões das
experiências traumáticas são assim organizadas, não como narrativas lógicas e
coerentes. Eles não podem intencionalmente recuperar a memória do trauma e
processá-lo, de forma que ele possa ser integrado em uma narrativa contínua de
sua vida antes e depois do evento (ou seja, para que ele possa se tornar parte
da memória autobiográfica). Defesas contra a ativação da memória traumática:
“Mas estas condutas de
evitamento são raramente suficientes e, para apagar a qualquer custo a memória
traumática que é reativada, ou para prevenir que se reative, as vítimas
descobrem bem cedo a possibilidade de se anestesiar emocionalmente, e portanto,
de anestesiar sua memória traumática, graças a condutas que aumentam
brutalmente o nível de stress (...) criando importante stress para criar uma
disjunção (...) condutas de risco em autoestradas”, automutilações (Salmona,
2013, p. 194).
Clara fala pouco e essa
anestesia emocional e a despersonalização, que a acompanha dão a sensação à
vítima de um sentimento de inautenticidade, ela terá a impressão de estar
representando (Salmona, 2013, p 94). Dão a impressão de não ter nenhuma
personalidade, somente personalidades de empréstimo” (Salmona, 2013, p. 95)
Prevenção (livro de
Sanderson)
Supervisionar as crianças:
• Contar aonde vão. Procurar conhecer quem são as pessoas na casa
de quem a criança vai; pedir para ela não ficar sem companhia de amigos ou
colegas, quando estiver fora e não isolar-se com adultos ou adolescentes;
quando alguém quer lhe presentear na forma de aniversário, dizer que vai falar
com os pais se pode aceitar; se a criança se sente insegura, ameaçada,
amedrontada, tensa ou confusa, ela tem o direito de dizer ‘não’ e sair da situação
o mais rápido possível” ( p 264).
• Você deve fazer isto que estamos dizendo, mas se você se
atrapalhar e se deixar levar, não se culpe, você não é culpada se te acontecer
e você se atrapalhar, o verdadeiro culpado é a pessoa que a colocou nesta situação.
• Essa atitude mostrará a criança que é correto contar aos pais o
que se passou, em vez de guardar segredo por medo de ser punida.
• Carinhos são estes: beijinho, abraço, cafuné. Fora disto, com
adultos, adolescentes e crianças maiores, você não deve ter.
• As recomendações acima valem mais para pedófilos fora da família
nuclear. Para procurar prevenir o incesto, ou reduzir suas consequências, as
recomendações devem também der dadas nas escolas.
Ficha técnica:
Título: Jaula
Pais: Espanha
Elenco: Elena Anaya, Eva
Tennear e Carlos Santos
Onde? Netiflix
Comentários