Nelson Pereira dos Santos e o cinema como o espaço de representação da realidade brasileira





Memórias do Cárcere (Nelson P. Santos,1984)


Nelson Pereira dos Santos (1928-2018) foi um importante cineasta brasileiro, cujo extenso currículo é formado por mais de 20 filmes, curtas e documentários produzidos e reconhecidos nacional e internacionalmente como a obra Memórias do Cárcere, premiado no Festival de Cannes, em 1984. 

Ele foi também professor fundador do curso de cinema da Universidade de Brasília (o primeiro do Brasil), professor na Ucla (Universidade da Califórnia, em Los Angeles) e na Universidade de Columbia, em Nova York.  O cineasta foi também membro do Conselho Superior da Escola de Cinema de Havana e foi o primeiro cineasta a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras.

Os principais filmes:
Rio 40 Graus (1955)
Rio Zona Norte (1957)
Mandacaru Vermelho (1960)
Boca de Ouro (1962)
Vidas Secas (1963)
 El Justiceiro (1963)
Fome de Amor (1968)
Azyllo Muito Louco (1969)
Como era gostoso o meu francês (1971)
Quem é Beta? (1972)
O Amuleto de Ogum (1973)
Tenda dos Milagres (1975)
Estrada da Vida (1979)
O Ladrão (1980)
Missa do Galo (1982)
Memórias do Cárcere (1984)
Jubiabá (1987)
A Terceira Margem do Rio (1993)

O cinema deste diretor despontou no período do Cinema Novo e explorou a paisagem (urbana ou rural), o indivíduo e seus conflitos. Nelson Pereira preocupava-se em escrever sobre os aspectos psicológicos dos personagens, como o discurso do pensamento, porque acreditava que o conflito se revela no nível das ideias, do pensamento e que o filme poderia revelar com seus personagens.
Além da literatura brasileira o cineasta obteve influência das obras de Freud, em especial o livro Os chistes e a sua relação com o inconsciente (1905).

O diretor apesar de não ter produzido um cinema panfletário, que era comum no período do Cinema Novo ele optou por contar estórias do Brasil multicultural com seus personagens brancos, negros e índios, apontando a realidade brasileira e a sua diversidade cultural, racial e social.

A diversidade cultural brasileira é a maior riqueza do País e que o diretor descobriu e levou para o cinema, mas que logo ocupou também os espaços do cinema internacional.

Os seus filmes retratavam a pobreza e os problemas sociais, bem como, tantos preconceitos que o diretor teve que enfrentar para fazer cinema. Cito como exemplo, o seu primeiro longa-metragem Rio 40 Graus que ele não conseguiu patrocínio, porque ninguém queria fazer cinema de negro no Brasil. Como qualquer outro cinema de qualidade, independente de sua técnica precisava contar uma boa história que atingisse o espectador e que possibilitasse o entender o significado da narrativa para a compreensão do tempo vivido pelos personagens.

O cineasta em entrevista a Geraldo O´Grady, em 1995, ele disse: “o meu jeito de fazer cinema é uma tentativa de me comunicar com o que há de interior nos personagens...o pensamento e os sentimentos”.

Comentários

Postagens mais visitadas