Em Cartaz - Deadpool 2

Deadpool 2 (2018)





Os filmes de heróis contemporâneos, com seus universos de diversos sabores – DC explorada pela Warner, Marvel com parte dos personagens explorados pela Marvel Studios e parte pela Fox – transformaram-se na prática em novelas para nerds. Cada filme não passa de um novo capítulo de sagas que não terão fim enquanto continuarem atraindo audiência, o que acaba tornando os filmes, mesmo que muitos deles divertidos e com qualidade, inevitavelmente repetitivos. Deadpool 2 tenta destacar-se brincando e fazendo piadas com os filmes de super heróis, categoria a qual ele pertence, mas acaba pecando pelo excesso resultando em um filme irregular e apenas mediano.
O primeiro ato, arrastado e burocrático, apenas posiciona as peças da trama: Deadpool (Ryan Reynolds) protege o garoto mutante Russell (Julian Dennison) do vilão Cable (Josh Brolin), que viajou no tempo, do futuro para o presente, apenas para matar Russell. Notem que Cable é interpretado por Josh Brolin, que também deu vida a Thanos em Vingadores: Guerra Infinita, ainda em cartaz, o que só corrobora o fato dos heróis no cinema estarem se repetindo cada vez mais. A obra melhora no segundo ato, com destaque para toda a sequência em que Deadpool recruta novos heróis desconhecidos e parte com eles em missão para resgatar Russell. Esse pequeno arco tem pouca ou nenhuma influência na trama, mas é divertida e funciona perfeitamente para ironizar e ridicularizar todos os outros filmes de super heróis, além de contar com uma participação especial relâmpago (uma aparição que dura apenas um ou dois segundos) de um astro de Hollywood.
A auto proclamada violência excessiva de Deadpool 2, parte importante da sua campanha de marketing, não impressiona pois apesar de gráfica é pouco realista e sem efeito dramático, já que o personagem principal perde membros ou é partido em dois mas há pouquíssimo sangue, quase nenhum expressão de dor e tensão zero, pois todos sabem do seu superpoder de regeneração. Já o alardeado conteúdo erótico não passa de piadas de cunho sexual dignas de estudantes do colegial.
Mas o que realmente incomoda em Deadpool 2 é o fato dele gritar, a cada cinco minutos, “EU SOU UM FILME!”. Esse recurso de quebrar a quarta parede é ótimo quando bem utilizado, normalmente funcionado melhor quando invocado de maneira econômica. Especialmente nos filmes derivados de quadrinhos, o Deus Ex Machina é frequentemente utilizado: novos poderes recém descobertos que salvam o dia, ressurreições milagrosas, entidades mágicas que aparecem do nada. Em Deadpool 2, a partir do momento em que se assume que há um acordo tácito entre o filme e a audiência sobre a natureza ficcional absurda de tudo que estamos vendo, tudo é permitido e os vários Deus Ex Machina perdem a proteção dos truques de roteiro e tudo é justificado através da quebra da quarta parede, com o personagem título falando para a plateia que determinada frase é péssima ou a cena que acabamos de ver é absurda, o que destrói qualquer imersão ou possibilidade de tensão emocional.
Deadpool 2 é divertido? Sim, a partir do seu segundo ato e contando com algumas boas piadas, como as incluídas nas cenas pós-créditos. Mas a sua graça e seus truques parecem ter se esgotado no seu segundo capítulo, esvaziando o interesse desse núcleo nos próximos segmentos da novela Marvel produzida pela Fox.


Nota: 3/5



Fabio Consiglio

Comentários

Unknown disse…
Adorei como fizeram a historia por que não tem nenhuma cena entediante. Adorei a participação de Josh Brolin, é um ator multifacetado, seu papel de Cable é muito divertido e interessante. O vi também em Homens de Coragem, é muito bom. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Homens de Coragem, não conhecia a história e realmente gostei. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção, acho que é um dos melhores filmes em 2017 . Super recomendo. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia, o elenco fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações.
Fabio Consiglio disse…
Ana, Deadpool 2 é muito divertido embora o seu estilo, na minha opinião, já demonstrou um grande desgaste muito cedo para esse tipo de franquia - esse foi apenas o segundo filme do personagem (vamos esquecer as constrangedoras aparições de Deadpool em outros filmes).
Continue acessando o blog e muito obrigado pelos comentários, grande abraço!

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