Em Cartaz - Han Solo: Uma História Star Wars

Han Solo: Uma História Star Wars (2018)

Solo: A Star Wars Story





A Disney pagou US$4.000.000.000,00 (não se perca nos zeros, são quatro bilhões de dólares) à George Lucas pela propriedade intelectual StarWars. Como a casa de Mickey Mouse não é uma instituição filantrópica, esse valor não só deveria ser recuperado como também multiplicado o mais rapidamente possível. Para atingir esse objetivo, além da venda de bugigangas de todos os tipos e valores, Star Wars seria explorado em novos parques temáticos e é claro, com novos filmes no cinema. Mas por que restringir a franquia, detentora de um rico universo, apenas ao arco do drama familiar dos Skywalker? Por conta disso novas obras pensadas sob outros pontos de vista dentro da diegese Star Wars estão sendo lançadas – primeiramente o bom Rogue One: Uma História Star Wars (2016) e agora Han Solo: Uma História Star Wars.
Talvez o principal problema de Han Solo: Uma História Star Wars seja o seu protagonista, fraco por conta da falta de carisma de Alden Ehrenreich – claro que a sombra de Harrison Ford, o Han Solo original, ajuda nessa percepção – e pelo roteiro, que mostra Solo sempre seguindo alguém ou sendo levado pelas circunstâncias, nunca tomando a frente de nada. Todos os outros personagens acabam empalidecendo Han Solo; o simpático Chewbacca (Joonas Suotamo), a misteriosa Qi'ra (Emilia Clarke), o malandro Lando (Donald Glover), até mesmo a robô ativista L3-37 (voz de Phoebe Waller-Bridge) e o mais interessante de todos por sua ambiguidade, Beckett (Woody Harrelson). A impressão é que não sobrou espaço para Solo no filme.
Há algumas boas ideias, todas elas direcionadas aos fãs e apostando na nostalgia, como quando Lando diz a Solo que o odeia e Han responde “Eu sei”, mesma reposta dada após o “Eu te amo” de Leia da trilogia clássica ou quando Solo diz ter um bom pressentimento, em oposição à recorrente frase do personagem em filmes anteriores. Outras soluções são mais problemáticas: nas cenas de ação o diretor Ron Howard parece não compreender que espaçonaves não são carros e se Han Solo fala a língua wookie (não apenas entende) por que em nenhum outro filme isso foi utilizado? Aliás, analisando o arco do personagem dentro do filme, falar wookie foi de fato a sua única habilidade excepcional.
Na verdade o grande questionamento sobre Han Solo: Uma História Star Wars é a sua necessidade: precisamos mesmo saber detalhes de como Han conheceu Chewbacca ou como o personagem título obteve a sua nave Millennium Falcon? Manter uma certa névoa ou incerteza sobre esses acontecimentos enriquece a mitologia e esclarecer minuciosamente todos os fatos, eliminando qualquer possibilidade da audiência imaginá-los, apenas enfraquece a aura mística desses personagens cultivada ao longo dos anos. Ao tentar entregar um Star Wars mais leve, quase sem peso dramático e desenhado como uma aventura de matinê, porém sem o devido cuidado e qualidade, a Disney apenas escancarou o seu desejo de sugar Star Wars até não sobrar uma única estrela ou planeta em uma galáxia muito, muito distante.


Nota: 2/5



Fabio Consiglio

Comentários

Unknown disse…
Han Solo é um filme única e exclusivamente para os aficionados que consomem qualquer bobagem com a patente da série, prometendo deixar grande parte do público atônico com um blockbuster sem personalidade. Embora, eu prefiro a Harrison Ford no personagem de Han Solo, é de admirar o profissionalismo deste ator, trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor, sempre supera seus papeis anteriores, o demonstrou em um filme que se converteu em Blade Runner 2049 um dos meus preferidos.
Fabio Consiglio disse…
Obrigado pelos comentários. Solo, por ser um filme morno como vc disse, acabou não agradando nem ao grande público (a bilheteria abaixo do esperado pela Disney comprova isso) e nem aos fãs de Star Wars. Espero que isso faça com que a Disney tenha mais cuidado com os próximos, talvez deixando de lado os personagens clássicos e criando novas estórias dentro do universo Star Wars. Continue a seguir o blog, abraço!

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