A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COMO FUNCIONA?
O grande número de escolas terapêuticas com suas técnicas e divergências, na verdade, podem reduzir-se a poucos modelos fundamentais. A técnica psicoterápica, no entanto, se diferencia pelo fato de valorizar mais, ou menos, determinados aspectos da estrutura psíquica, do seu funcionamento e desenvolvimento.
O
psiquiatra norte-americano Aaron T. Beck é considerado o criador da terapia
cognitiva e descobriu por meio de seus estudos e observações clínicas a
necessidade da reformulação da depressão, como por exemplo, um transtorno
caracterizado por uma profunda tendência negativa em sua obra O poder
integrador da terapia cognitiva (2000, p. 26).
Os
fatores de risco são depressão, transtornos de ansiedade, transtornos
psicóticos, transtornos de conduta, transtornos alimentares, transtorno
borderline, abuso de álcool e drogas; tentativa prévia de suicídio ou história
de comportamento suicida; suicídio de pessoas próximas.
O
enfoque do tratamento é o pensamento sobre o ato de pensar, a partir dos
acontecimentos que afetam o indivíduo e causam o desconforto. O objetivo da TCC
é de alterar as emoções do paciente, bem como, do seu comportamento e padrões
de pensamento. A técnica surgiu em meados dos anos de 1950 nos Estados Unidos,
em razão do descontentamento de médicos e psicólogos em relação a objetividade
dos modelos baseados no behaviorismo, que enfatizavam os fenômenos explícitos
ou calcados nos estímulo-respostas.
A
mudança de hábitos pode adicionar a sua percepção sobre cada episódio que traz
um tormento e interromper este pensamento ou atitude com uma resposta mais
adequada. A partir da identificação dos fatores desencadeantes e as sequências
de acontecimentos associados com determinado sintoma ou comportamento.
A
prevenção cabe tanto ao controle de stress, ensinando maneiras eficientes de
respiração, relaxamento muscular e técnicas cognitivas para ajudar o controle
da angústia e as recaídas, ensinando o paciente a lidar com os fatores que
desencadeiam situações negativas.
O
modelo cognitivo proposto por Beck enfatiza o papel central do pensamento na
evocação e manutenção da depressão, ansiedade e raiva que aumenta a
vulnerabilidade a eventos negativos de vida, de modo que perdas ou impedimentos
terão maior probabilidade de ser interpretados de forma exagerada,
personalizada e negativa.
O
médico sugere que existem vários níveis de avaliação cognitiva. No nível mais
imediato estão os pensamentos automáticos que surgem espontaneamente, parecem
válidos e estão associados a comportamentos problemáticos ou emoções
perturbadoras.
Esses
pensamentos automáticos podem ser classificados de acordo com vieses ou
distorções específicas como por exemplo, leitura da mente, personalização,
rotulação, adivinhação do futuro, pensamentos catastróficos ou dicotômico (do
tipo tudo-ou-nada).
Os
pensamentos automáticos podem ser verdadeiros ou falsos – isto é, o pensamento
automático “Ele não gosta de mim” pode basear-se em leitura da mente (isto é,
não tenho evidências suficientes para derivar essa crença), mas também pode
revelar-se verdadeiro.
Segundo
o autor, a vulnerabilidade emocional a esse pensamento resultará de
pressupostos ou regras subjacentes (“Preciso conseguir a aprovação de todo o
mundo para ter valor”) e dos esquemas pessoais subjacentes (“Não sou digno de
amor” ou “Não tenho valor”) mantidos pela pessoa.
Os
pensamentos são, tipicamente, rígidos, impossíveis de atingir, e aumentam a
vulnerabilidade a futuros episódios depressivos ou estados de ansiedade. Dessa
forma, os indivíduos que acreditam que precisam conseguir a aprovação de todos
são mais vulneráveis à depressão e à ansiedade, pois inevitavelmente deixarão
de atingir esses padrões.
O
compromisso do terapeuta é de fazer o paciente perceber a rejeição quando ela
não existe. As informações que chegam são canalizadas através desses
pensamentos automáticos (“Será que ela me rejeitou?”) e depois avaliadas de
acordo com os pressupostos subjacentes (“Se não conseguir aprovação, não tenho
valor nenhum”), que estão ligados ao esquema pessoal (“Não sou digno de amor”),
reforçando ainda mais a crença pessoal negativa e confirmando mais uma vez a
desconfiança e o medo dos outros.
O
pressuposto que orienta a terapia cognitiva é que a interpretação que o
indivíduo faz de um evento determina como ele se sente e se comporta. E se
surpreendem ao saber que seus sentimentos são o resultado de como elas pensam
sobre um evento e que, ao modificar sua interpretação elas poderão ter
sentimentos bem diferentes. Na perspectiva de Robert L. Leahy em sua obra
Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta ele comenta: “A terapia
cognitiva não se reduz a técnicas: ao contrário, as técnicas nos permitem começar
a terapia cognitiva” (2006, p. 10).
Segundo
o autor, as pessoas que buscam terapia porque seus sentimentos, comportamentos
e relacionamentos são problemáticos. Pensamentos e sentimentos são coisas
diferentes. Os sentimentos são experiências internas de emoções como por
exemplo, eu posso sentir-me ansioso, deprimido, zangado, com medo,
desesperançado, feliz e ao dizer que tenho determinado sentimento ou emoção é
semelhante a dizer: “Este ferro quente queima” ou “Este bolinho tem um gosto
bom”.
Leahy
comenta que, não teria sentido dizer a um paciente: “Você, na verdade, não está
ansioso”. Isso seria equivalente a dizer, em essência, que o ferro quente não
feriu realmente o paciente quando ele exclamou “Ai!. “Ai!” . Assim, o relato da sensação exatamente como as
palavras “Estou feliz” ou “Estou triste” são relatos de sentimentos.
Os
terapeutas podem explicar aos pacientes como seus pensamentos criam os
sentimentos ou podem intensificá-los ou diminuí-los. Considere, por exemplo, os
diferentes sentimentos que duas afirmações despertam: “Penso que não sou digna
de amor e, portanto, sinto-me desesperançada”; ou “Penso que estou melhor sem
ele e, portanto, sinto-me esperançosa e aliviada”.
As
seguintes palavras usadas como modelo para explicar essas ideias aos pacientes
em linguagem simples: “Antes de você contestar e mudar pensamentos, precisa
compreender como os pensamentos afetam os seus sentimentos. Quando estiver
sentindo-se triste ou ansioso, você pode ter certos pensamentos”.
Por
exemplo, imagine que está caminhando pela rua em uma parte desconhecida da
cidade, tarde da noite, e escuta alguém caminhando atrás de você. Olhando por
cima do ombro, vê que são dois homens bem grandes. Seu pensamento poderia ser
‘Eles vão me assaltar’.
Como
você se sentiria? Com medo? Mas, e se você pensasse: ‘São os meus amigos do
trabalho? Como se sentiria? Aliviado? Quando você se sente triste ou ansioso na
sua vida cotidiana, diferentes pensamentos passam por sua mente.
Dessa
forma, a abordagem da Terapia cognitivo-comportamental possibilita a prevenção
e utiliza as suas técnicas baseadas na comunicação entre terapeuta e paciente
para a identificação de pensamentos disfuncionais, que possibilita a estimular
a autoestima e a autoconfiança e na resolução dos seus conflitos internos.
A TCC
não permite a inclusão da Psicanálise e os processos do inconsciente, da
contratransferência. A abordagem sustenta que as cognições são determinantes
nas alterações dos estudos emocionais e comportamentais. E neste contexto, a
compreensão da ideação suicida como exemplo, e sua prevenção primária e a
intervenção secundária pode-se ser realizada com o auxílio desta abordagem.
Os
fatores de proteção nessa abordagem cognitiva e da personalidade são os valores
culturais, lazer, esporte, religião, boas relações com amigos e colegas, boas
relações com professores e outros adultos, apoio de pessoas relevantes e amigos
que não usem drogas (fatores culturais e sociodemográficos e, por fim, uma
dieta saudável, boa qualidade do sono e atividade física, defende o autor.
Se
tiver sentindo algum destes sintomas citados consulte a psicóloga Dra.
Rosângela Canassa – CRP: 06/146.048 – contato: 11 98298.5645.
Comentários