Um filme por dia 2017 - 06/07 - Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)
Título original: Spider-Man: Homecoming
Os filmes de herói da Marvel são atualmente o melhor exemplo de como fazer bom cinema de entretenimento. As aventuras da produtora assumem sem vergonha o seu caráter escapista, de cinema pipoca, entregando um produto extremamente bem acabado e divertido.
O novo reboot do homem-aranha, Homem-Aranha: De Volta ao Lar, diferente de outros tem razão de existir pois trás, como o nome já diz, o herói aracnídeo de volta ao que sempre deveria ter sido a sua casa, o universo cinematográfico Marvel. E o acerto na escalação do elenco e do tom é evidente: esqueçam o Peter Park (aqui interpretado por Tom Holland) melancólico, choroso e chato das suas mais recentes encarnações no cinema para receber um que realmente parece um garoto feliz e extasiado com seus poderes. Tom Holland convence como um garoto de 14 ou 15 anos, diferente dos outros que agiam como emos adolescentes mas tinham a aparência de homens na casa dos 30 anos de idade (o que tornava o comportamento deles ainda mais constrangedor). Inicialmente me incomodou como o filme depende das outras obras Marvel para um entendimento mais completo - em nenhum momento é explicado algo sobre Os Vingadores ou sobre o Homem de Ferro. Mas logo me convenci que a esta altura do desenvolvimento desse universo é razoável presumir que essas explicações não são mais necessárias ao público para o qual Homem-Aranha: De Volta ao Lar é destinado. Para completar, temos o vilão Vulture/Abutre (Michael Keaton) que consegue o equilíbrio correto entre ser mau e apenas uma vítima das circunstâncias - é interessante notar que Michael Keaton, premonitoriamente, interpretou um ator que era um herói alado de filmes de ação em Birdman de 2014.
Não podemos nos esquecer que é um filme sobre pessoas fantasiadas correndo pela cidade então há algumas inconsistências, como a resistência do homem-aranha que é determinada pelo roteiro: ao bater a cabeça dentro de um caminhão ele fica desacordado durante horas enquanto que ao cair de um avião em chamas as consequências são apenas alguns arranhões. Toda a sequência de ação da batalha final é confusa e poluída visualmente, impedindo o entendimento do que está ocorrendo em alguns momentos, talvez causado pela inexperiência do diretor Jon Watts em filmes desse porte.
O que a Marvel faz com seu universo cinemático é inédito na história do cinema: dezenas de filmes com protagonistas diferentes interligados em uma mesma diegese mantendo-se coerente. É uma forma de manter a audiência cativa e refém, mas há de se admirar o esforço e engenharia por trás disso. Quando os filmes são bem realizados e assumem a sua natureza, sendo divertidos e sem querer passar mensagens infantilizadas (grandes poderes, grandes responsabilidades, blá-blá-blá) o sucesso e a satisfação de assisti-los estão garantidos.
Nota: 4/5
Fabio Consiglio
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