Um filme por dia 2017 - 27/07 - Orca - A Baleia Assassina (1977)
Título original: Orca
Pode-se definir Orca - A Baleia Assassina como um filme sobre a vingança da natureza contra o homem, em uma espécie de Moby Dick às avessas. Oscilando entre cenas mal realizadas e outras belas e até emocionantes, graças ao magnífico tema criado por Ennio Morricone, Orca - A Baleia Assassina aparenta ser um filme B com alguns momentos de inspiração.
O Capitão Nolan (Richard Harris) quer capturar uma orca para fazer dinheiro e acaba pegando uma fêmea. Muito machucada pela violência da caçada, ela aborta - sim, ela estava grávida (não uso o termo prenhe dada a antropomorfização do animal) - amarrada ao navio de Nolan. Nem o bebê e nem a mãe sobrevivem e o "marido" da orca fêmea parte em busca de vingança. O arco principal não é o problema em Orca - A Baleia Assassina, mas sua realização: alguns planos são de gosto duvidoso, beirando à cafonice como quadros pintados por artistas medíocres em feirinhas de artesanato. Nas cenas com as orcas é nítido quando estamos vendo um boneco e quando estamos vendo animais reais - mesmo com os reais, nota-se claramente quando são selvagens e filmados no mar e quando estão em aquários, com uma incômoda mudança brusca na cor da água, escura no mar e transparente nos tanques artificiais. Muitos criticam a intepretação de Richard Harris como Nolan, mas vejo que ele compôs com sucesso um personagem confuso e de certa forma infantilizado pelas suas limitações culturais.
O que realmente chama a atenção em Orca - A Baleia Assassina é a sua trilha sonora original, composta por Ennio Morricone. Nitidamente os realizadores perceberam que a qualidade da música é infinitamente superior a do filme, usando e abusando da belíssima melodia. Experimente assistir à Orca sem a música e você verá algo como o avô de Sharknado; já com a música, sentimos apreço pela família de orcas e até pena da ignorância e consequente destino trágico de Nolan.
Orca - A Baleia Assassina é ruim? Em diversos aspectos sim, mas tudo vale a pena para ouvirmos Ennio Morricone, que torna belos até mesmo planos bregas como quadros de Romero Brito.
Nota: 2/5
Fabio Consiglio
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