Em Cartaz - Capitã Marvel

Capitã Marvel (2019)

Captain Marvel




Capitã Marvel é o filme da Marvel que mais parece um filme da DC – aviso aos fãs da DC: isso não é um elogio.
Embora divertida, a história da origem da Capitã Marvel (Brie Larson) peca em alguns elementos que costumam constituir a força dos filmes do MCU (Marvel Cinematic Universe): falta de um vilão forte e ambíguo, aquele personagem que nos faz pensar se não faríamos exatamente o mesmo que ele se estivéssemos no seu lugar; cenas de ação, principalmente as de luta corporal, realizadas de forma desleixada, sem muita lógica nas atitudes e estratégias de batalha, fazendo com que a cada luta o espectador pense “por que ele não matou tal personagem de uma vez”; heroína poderosa demais, aparentemente sem fraquezas, nos levando a crer que ela será utilizada para derrotar Thanos em Vingadores: Ultimato e depois voltará para as profundezas do universo, já que ela representa um claro desbalanceamento de forças dentro de um universo diegético cheio de personagens falhos e com poderes limitados.
Todas essas características nos remetem ao personagem Superman, da DC, notoriamente dificílimo de ser explorado em narrativas interessantes justamente pelo seu poder excessivo. Esses fatores dão um ar genérico a Capitã Marvel (ou Carol Danvers, seu nome terrestre ou ainda Vers, sua alcunha Kree) e seu primeiro ato demonstra bem isso: não fosse o nome envolvendo a marca Marvel, os primeiros 25 ou 30 minutos do filme podem facilmente ser confundidos com qualquer ficção científica ordinária na década de 90 – pode até ter sido proposital por conta da época em que se passa o filme, mas não há como negar que a obra demora a engatar.
Felizmente, ainda podemos encontrar em Capitã Marvel alguns filamentos do DNA Marvel, como o bom humor que pontua toda a produção e acaba disfarçando de forma eficiente alguns exageros e incoerências do roteiro. Há também dois interessantes subtextos; o primeiro nem deveria ser nominado dessa forma, pois é bem explícito, a afirmação feminina. É ótimo ver um filme onde a protagonista é uma super-heroína que não precisa ser salva pelos machos, mas sim salvá-los – o personagem Nick Fury (Samuel L. Jackson) que o diga. O segundo subtexto envolve os alienígenas Kree e sua batalha contra os Skrull – analisar esse interessante signo revelará uma das reviravoltas do filme, então peço a quem ainda não assistiu Capitã Marvel que não leia o próximo parágrafo e continue depois da imagem abaixo.

Os Kree são anunciados e se vendem como heróis guerreiros, enquanto os Skrull são terroristas sem nobreza e sem valor. A partir de certo momento entendemos que na verdade os Skrull querem apenas um lugar para viver em paz, longe da perseguição dos Kree e do genocídio imposto pela raça bélico-tecnológica. Não pude deixar de notar um paralelo com a questão Israel / Palestina: os Skrull palestinos tentando desesperadamente viver em paz em um lugar para ser chamado de lar (ou nação), mas são acusados de terroristas pelos israelenses Kree, ricos e avançados tecnologicamente, além de combatentes extremamente habilidosos e bem preparados.

Skrulls


Mesmo contendo mensagens relevantes para os dias atuais Capitã Marvel é apenas mediano, não se destacando nem mesmo se considerarmos apenas os filmes do MCU; funciona como filme pipoca e, principalmente, como evento preliminar de Vingadores: Ultimato.


Nota: 3/5



Fabio Consiglio

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