Um filme por dia 2017 - 20/02 - A Chegada (2016)



Título original: Arrival
A Chegada é extraordinário em varios aspectos: tematicamente rico e visualmente belo, ainda manipula a linguagem cinematográfica de forma inteligente, conseguindo ser cerebral e emocional ao mesmo tempo.
Narra o primeiro contato extraterrestre de forma adulta e realista, pois como seria de se esperar no mundo real, os ETs não falam inglês e muito menos entendem nosso alfabeto e formas de comunicação. Mas falar de A Chegada sem revelar seus segredos é difícil e escrever spoilers arruinaria a experiência de quem não assistiu ainda ao filme.
Por isso há um segundo texto mais abaixo para quem já assistiu; para quem não assistiu ainda, não perca tempo, assita o mais rápido possível, não irá se arrepender.
Nota: 5/5















A linguagen esruturada é talvez a mais importante característica que nos torna seres racionais e a forma que a utilizamos, dependendo da língua que falamos, molda o nosso cérebro. Em A Chegada, essa ideia é levado ao extremo. A Dra. Louise Banks (Amy Adams), ao aprender a linguagem circular dos ETs sem começo e fim, expande sua noção de tempo fluindo em uma só direção e passa a vê-lo com um todo, passado e futuro fundidos.
Utilizando essa ideia, o filme subverte a linguagem cinematográfica mais usual, fazendo com que pensássemos que o futuro eram memórias da protagonista. Ela "lembrava" do futuro e os espectadores, presos ao tempo linear numa só direção, não percebe isso mesmo com as dicas que ela dá, como no começo do filme em que a primeira frase dita por ela é "Esse é o começo da estória?". Outros detalhes vão sendo mostrados gradativamente, como os desenhos da menina, os brinquedos dos ETs; somos enganados de uma forma tão bela que considero esse um dos prazeres cerebrais do filme.
A difícil e controversa decisão da doutora de ter sua filha mesmo sabendo seu futuro, uma doença fatal ainda na juventude, abre um amplo campo de discussão filosófico e ético e as atitudes sua e do seu marido Ian Donnelly (Jeremy Renner) demonstram com clareza a natureza mais humana dela e mais matemática dele. Isso garante o prazer emocional do filme, amplificado pela bela trilha sonora de Jóhann Jóhannsson.
A Chegada é um ótimo exemplo do poder do cinema. Sua estória é profunda com várias camadas, faz você pensar na natureza das coisas e dos seres humanos e ainda é uma ótima diversão. O vidro pelo qual os cientistas se comunicavam com os ETs pode ser visto como uma tela de cinema: lá dentro o tempo é manipulado, há uma linguagem própria, um nundo fantástico e grandes mensagens são passadas.





Fabio Consiglio


Comentários

Elainne Ducloux disse…
Conheço o trabalho de Jeremy Renner já faz um tempo, na verdade é um dos meus diretores preferidos, e faz pouco tempo que vi o filme a Filme Arrival e fiquei encantada, esta muito bem feita e muitas das cenas que fazem são ótima e belas Tenho certeza que você vai gostar, é um bom filme. Não é um dos meus gêneros preferidos, mas a historia foi muito interessante!
Anônimo disse…
Elainne, obrigado pelos comentários.
Filmes como A Chegada conseguem renovar o nosso amor pelo cinema, principalmente por ser de um diretor relativamente jovem (Denis Villeneuve) e que ainda pode nos brindar com grandes obras, como por exemplo o novo Blade Runner que faz jus ao original.
Continue acompanhando o blog, logo iniciarei novas séries de textos.

Abraço,
Fabio Consiglio

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