OSCAR 2019 - Pantera Negra



Nunca houve um filme como Pantera Negra (2018): superprodução relevante para a cultura pop com orçamento estimado em 200 milhões de dólares, dirigido por um afro-americano (Ryan Coogler), elenco formado em sua maioria por atores negros e ambientado em uma África rica e tecnológica. Embora seja difícil ignorar a face política envolvendo a obra, ela não entra na categoria de bons filmes por conta de cotas, mas por seus próprios méritos.
Muitas são as qualidades de Pantera Negra, que conta a história de T'Challa (Chadwick Boseman), o líder do avançado reino de Wakanda e que assume o papel do herói Pantera Negra nas horas vagas. Para começar o elenco: desde Boseman como o Pantera, passando por Michael B. Jordan interpretando o vilão Erik Killmonger até Danai Gurira como Okoye, a chefe da guarda real – a força, sem abrir mão da beleza, transmitida por Gurira é impressionante. Não por acaso Pantera Negra ganhou o SAG Awards (prêmio do sindicato dos atores dos Estados Unidos) na categoria de melhor elenco. As cenas de ação são outro destaque, criativas e desenhadas de forma a explorar as possibilidades da tecnologia utilizada pelo Pantera e pelos guerreiros de Wakanda. Para completar os figurinos, mixando tecnologia com a cultura africana e o já tradicional vilão estilo Marvel, com motivações plausíveis – e objetivos até nobres apesar dos métodos reprováveis – que fazem a audiência refletir se não agiriam da mesma forma caso estivessem em seu lugar.
Na cena adicional de Pantera Negra após os créditos, durante o discurso de T'Challa na Organização das Nações Unidas anunciando a abertura de Wakanda para o mundo, um delegado da ONU questiona o agora rei da nação africana o que o seu país poderia oferecer ao mundo. Esse pequeno diálogo reflete bem a forma como o ocidente enxerga a África e a cultura negra: algo desnecessário, de segunda classe. Na Wakanda da ficção ou no mundo real, essa visão não poderia estar mais equivocada.


Nota: 4/5

Comentários

Postagens mais visitadas