OSCAR 2019 - Roma



Um ano na vida de uma família de classe média como qualquer outra, com problemas e conflitos comuns, que interessam apenas aos integrantes dessa mesma família. Porém a identificação é tão grande, os dramas ilustrados tão universais com uma embalagem artística de tirar o fôlego, que fica impossível não se enxergar dentro da história ou ao menos se emocionar com Roma (2018).
No bairro mexicano chamado Roma, acompanhamos a vida de uma família comum – note que não há sobrenome mencionado, intensificando a sensação de universalidade – com os seus integrantes consanguíneos e os empregados. A fotografia em preto e branco reforça o caráter histórico, como se fosse uma fotografia de uma época, além de evitar dispersões que as cores poderiam causar, focando nas emoções.
A direção de Alfonso Cuarón é notável: além da óbvia condução dos atores, que não parecem estar interpretando, mas vivendo tudo o que se passa na tela, há em diversas cenas vários elementos ou ações ocorrendo simultaneamente. Em um momento, com a família em primeiro plano há um casamento acontecendo ao fundo; em outro, há um deslocamento de alguns personagens em foco enquanto no segundo plano uma exibição de um homem-bala está em curso! Tudo isso para ressaltar que aquela família, pela qual estamos torcendo, é apenas uma em um mundo com outros milhões de pessoas e problemas. Há também os aviões, frequentemente vistos ao fundo, que podem ser interpretados como um signo da transitoriedade dos conflitos, dos dramas, da vida.


Ação em primeiro plano e casamento ao fundo - observem também a geometria desse plano, composto com o caranguejo


Exibição do homem-bala, disparado com um canhão, ao fundo


Os onipresentes aviões


Autorreferência: cena do filme Sem Rumo no Espaço (1969), mostrado em Roma, inspiração para o filme Gravidade (2013) de Cuarón


Se há um “defeito” a ser apontado em Roma é a impressão que ele foi pensado e produzido para ganhar prêmios de prestígio, como o Oscar. É uma cartada da Netflix, gigante do streaming e produtora do filme, para se consolidar como criadora de conteúdo de qualidade, e nada melhor para isso do que ganhar um Academy Awards com um filme aclamado pela sua qualidade artística. Sendo esse o único “defeito”, que venham mais produções com esse pequeno problema.


Nota: 5/5

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