Um filme por dia 2017 - 06/06 - Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (2017)



Título original: I Don't Feel at Home in This World Anymore
Como se fosse uma versão feminina de Um Dia de Fúria, Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo inicia de forma ácida, ilustrando o mundo em que vivemos como um lugar sem futuro e justificando o seu longo título. A partir do seu segundo ato, o tom vai mudando e adotando cada vez mais o gore e o humor negro e embora isso não arruíne a obra acaba sacrificando a sua coesão e qualidade geral.
A auxiliar de enfermagem Ruth (Melanie Lynskey) está, conforme explica o título do filme, desconfortável com o que nos tornamos como sociedade. O excesso de individualismo, a falta de atenção aos detalhes que importam e a total falta de empatia deprimem Ruth e é fácil nos projetarmos na personagem. Após ter a sua casa roubada, ela parte em uma cruzada para fazer justiça e é aí que os problemas com o filme começam. O que parecia ser uma jornada intimista, explorando a dificuldade de se viver em sociedade e o quanto cada um pode suportar, torna-se um mix de comédia de humor negro com filme policial. O comportamento de Ruth é um tanto quanto inverossímil, mesmo que a obra tente demonstrar com isso a sua mudança de comportamento; além disso, detalhes práticos são esquecidos como por exemplo o emprego de Ruth, que é ignorado durante toda a sua aventura.
Desenvolver um roteiro a partir de um bom argumento não é fácil e Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo é um bom exemplo disso. Ele mostra também que não é fácil evitar os clichês sem tornar-se tolo ou irreal em excesso. Mas prefiro um filme que peque pela tentativa de ser diferente do que os que afundam por serem genéricos.
Nota: 3/5


Fabio Consiglio

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