Um filme por dia 2017 - 25/06 - Shame (2011)



Título original: Shame
O vício em sexo é o tema de Shame, que tenta mostrar o quão destrutiva a compulsão sexual se torna na vida de Brandon (Michael Fassbender). O que vemos, no entanto, é um filme moralista que tenta nos convencer a qualquer custo que o sexo não é saudável fora de uma relação romântica.
Michael Fassbender é ótimo como sempre e a isso se resume a grande qualidade de Shame. Para que algo seja caracterizado como um transtorno, no caso o vício por sexo, é preciso que a obsessão atrapalhe de forma intensa a vida da pessoa e não é isso que vemos em Shame: a casa de Brandon é limpa e organizada, ele é bem sucedido profissionalmente e não apresenta problemas de saúde. A manipulação para que enxerguemos o sexo de forma negativa é tão óbvia que uma cena de ménage, já perto do final do filme, é pontuada por uma trilha sonora pesada e triste, não correspondendo ao que vemos na tela - experimente assistir à cena sem som para notar o que estou dizendo. As coisas começam a sair dos trilhos com a chegada da irmã de Brandon, Sissy (Carey Mulligan), que aparentemente tem um passado de problemas psicológicos - o filme apenas insinua isso, não deixando claro. Na verdade, o grande problema de Brandon é a presença da irmã e possivelmente o passado que ela representa e não o seu alegado vício em sexo.
É muito comum Hollywood tratar o sexo de forma negativa e algo que mereça punição, como bem nos ensina Jason de Sexta-Feira 13, que sempre mata o casalzinho jovem tentando transar. Essa visão puritana deturpa Shame e não sentimos o peso nem o drama de um viciado em sexo. Na verdade, em vários momentos até o invejamos.
Nota: 2/5


Fabio Consiglio

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