Um filme por dia 2017 - 12/06 - Chatô, O Rei do Brasil (2015)



Título original: Chatô, O Rei do Brasil
A produção de Chatô, O Rei do Brasil começou em 1995 e foi interrompida por conta de suspeitas de mau uso do dinheiro público arrecadado para a obra pelo seu produtor e diretor Guilherme Fontes. Lançado 20 anos depois é portanto surpreendente que, com tantos percalços pelo caminho, o resultado final se traduza em um bom filme.
É fácil notar em Chatô inspirações de Orson Welles (Cidadão Kane é óbvia), Fellini e até mesmo David Lynch. A estória do Rei do Brasil é contada a partir de um julgamento televisionado que acontece na imaginação de Chatô, em coma em um hospital. Passagens de sua vida surgem na tela, desde a infância pobre ao conturbado relacionamento com o Presidente Vargas, tudo mostrado de forma exagerada. Essa abordagem é inteligente já que é muito comum em personagens históricos folclóricos como Chatô a confusão entre o real e o imaginado, entre o fato e a lenda. Há pequenos problemas, afinal seria impossível para o filme passar incólume pelos conturbados anos de produção, como os efeitos especiais ridículos até para a década de 90, defeito agravado pelo fato das cenas prejudicadas, como a do avião, não terem grande importância para contar a estória e poderiam ter sido excluídas na montagem. Outros detalhes da recriação histórica de época também falharam, muito possivelmente pela má administração dos recursos financeiros da produção.
O que fica bem claro em Chatô é o caráter do seu protagonista: empresário, empreendedor e jornalista nas horas vagas e gângster, chantagista e lobista profissional. Todas as aparentes benesses de Chateaubriand como a abertura da TV Tupi ou a fundação do MASP tinham como foco principal a busca por mais poder e dinheiro. Como um mafioso, ele ameaçava políticos e empresários inicialmente com seus jornais e força político-econômica e no caso de não atingir seu objetivo partia para a violência. Para os que acham que a corrupção e a promiscuidade entre a elite e governantes é algo recente, Chatô é obrigatório e batizar uma pessoa como Assis Chateaubriand com a alcunha de Rei do Brasil apenas demonstra a falta de caráter do nosso país.
Nota: 3/5


Fabio Consiglio

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