Um filme por dia 2017 - 29/06 - Boneco do Mal (2016)



Título original: The Boy
Por que olhar para o boneco protagonista de Boneco do Mal causa desconforto? Isso talvez possa ser explicado por um conceito da robótica e é o que impede Boneco do Mal de ser um completo desastre.
Para fugir de um relacionamento abusivo a americana Greta (Lauren Cohan) arranja um emprego como babá na Inglaterra. Mas a criança que Greta vai cuidar na verdade é um boneco, tratado pelos pais com uma pessoa de verdade por conta do trauma da perda do filho Brahms (Jett Klyne) em um incêndio. Coisas estranhas começam a acontecer sugerindo que o boneco tem vontade própria e é inacreditável o comportamento dos personagens, tratando todas aquelas ocorrências com naturalidade e logo aceitando o suposto caráter sobrenatural dos eventos. Só isso já bastaria para arruinar a obra, já que grita a todo instante para a plateia: não se incomode com esses detalhes, é só um filme. Mas os realizadores não acharam isso suficiente e criaram uma surpresa final que, embora amarre algumas pontas, não é convincente e tira grande parte da lógica da estória. O que se salva no filme é o boneco, que pode não assustar a todos mas com certeza causa incômodo e acredito que isso se dá por conta do conceito do vale da estranheza (uncanny valley), que prega que quando uma réplica é muito parecida com um ser humano, mas sem ser idêntica, essa réplica causa repulsa aos observadores.
No final das contas, o mais assustador em Boneco do Mal é o namorado de Greta, Cole (Ben Robson), com seu comportamento abusivo. Levando-se a sério demais ao mesmo tempo que assume seu caráter de filme de horror, com seus protagonistas se comportando exatamente como personagens de filme e não como pessoas minimamente plausíveis, Boneco do Mal beneficiou-se de uma hipótese da robótica que acabou o tornando um filme, ainda que longe de ser bom, assistível.
Nota: 2/5


Fabio Consiglio

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