Um filme por dia 2017 - 11/10 - A Nova Onda do Imperador (2000)



Título original: The Emperor's New Groove
É difícil definir quem é o vilão em A Nova Onda do Imperador. Se por um lado isso é bom, pois rompe com o esquema dos heróis e bandidos bem definidos das animações aproximando-as um pouco mais da realidade, por outro os esforços da obra para que sintamos empatia pelo Imperador Kuzco (voz de David Spade) parecem artificiais.
Com tudo amenizado pelo humor e por uma animação agradável, quase esquecemos em alguns momentos que Kuzco, transformado em uma lhama por Yzma (voz de Eartha Kitt) com o intuito de usurpar o trono, é um tirano insensível e mimado - essas palavras juntas soam como um pleonasmo. Isso faz com que não embarquemos na jornada de Kuzco e que consideremos Pacha (voz de John Goodman), o aldeão que ajuda o governante, um boboca pueril a ponto de arriscar a família pelo novo "amigo".
Olhando-se mais o lado técnico e do design há na obra ideias óbvias como a escolha do roxo, normalmente associado a morte, como cor predominante da vilã Yzma, e outras interessantes utilizando a metalinguagem, como o Imperador interrompendo a projeção para lembrar-nos que a estória é sobre ele.
Mesmo com o protagonista pouco convincente e a estória simplória, o que mais me perturba em A Nova Onda do Imperador é a mensagem, todos tem algo de bom dentro de si, que é de uma ingenuidade que incomoda até a mais otimista das pessoas, ainda mais quando estamos falando de governantes tiranos. Talvez esse positivismo excessivo dos realizadores tenha sido induzido pelo novo milênio - o filme é de 2000, sentimento esse que destoa completamente do mundo real atual, invocando nos espectadores de 2017 um cinismo irônico não planejado no roteiro.
Nota: 2/5


Fabio Consiglio



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