Um filme por dia 2017 - 26/10 - Hara-Kiri: Morte de um Samurai (2011)



Título original: Ichimei
Não costumo escrever sobre a obra original e também sobre a sua refilmagem ou continuação, pois além de acreditar que a comparação normalmente é injusta (o segundo sempre será uma cópia) o texto tende a repetir-se. Abri uma exceção para Harakiri (original) e Hara-Kiri (refilmagem) para discutir justamente o valor dessas produções.
Hara-Kiri conta basicamente, com diferenças mínimas, a mesma estória de Harakiri, sobre o qual falei no texto anterior. A refilmagem é colorida e 3D (!) enquanto o original é em preto-e-branco; esse aspecto técnico, a fotografia, é imensamente superior na obra de 1962 (não lembro de nenhum plano particularmente belo no filme de 2011) mas esse não é o principal problema.
A refilmagem, ainda que tenha gerado um bom filme, simplifica a trama e suas interpretações ao tentar explicar em demasia alguns fatos e explicitar detalhes, com decisões de roteiro que me parecem equivocadas por destruir certas ambiguidades principalmente no que diz respeito ao caráter dos personagens. Tudo na nova versão é mais dramático e menos sutil, causando exatamente o efeito contrário ao aproximar-se mais da pieguice do que da emoção genuína.
Dito tudo isso, por que refilmar uma obra-prima como Harakiri? Para que comparações sejam feitas e inevitavelmente constatemos que a cópia é inferior ao original? Esse tipo de produção não é homenagem, é simplesmente o reconhecimento de que os produtores não tem novas ideias boas o suficiente e precisam buscar inspiração nos clássicos da forma mais preguiçosa possível, fazendo pura e simplesmente uma cópia colorizada e infantilizada. A justificativa da modernização da linguagem não funciona, já que Harakiri é mais moderno e elegante do que Hara-Kiri mesmo sendo quase 50 anos mais velho.
Para quem tiver tempo e disposição, assistir os dois filmes é didático, uma prova de que mesmo tendo o mapa da trilha o seguidor não consegue reproduzir o caminho genial do pioneiro. Para os outros, esqueçam a existência de Hara-Kiri: assistam e reverenciem Harakiri.
Nota: 3/5


Fabio Consiglio



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