Um filme por dia 2017 - 29/10 - Trainspotting - Sem Limites (1996)



Título original: Trainspotting
Por detrás da estória da amizade de alguns viciados em drogas vivendo em Edimburgo, Trainspotting expõe a miséria da condição humana em uma narrativa niilista.
Logo em seu início, Trainspotting já mostra que não vai tratar o tema das drogas de maneira infantilizada, dizendo claramente que as substâncias ilícitas podem até ser nocivas mas proporcionam grande prazer aos seus usuários. Na verdade, o filme demonstra que o grande prejuízo que as drogas produzem é no convívio social - uma pessoa sob influência de heroína, por exemplo, fica incapacitada de interagir com os outros e realizar tarefas. Por outro lado, sugere que todos são viciados em algo: bebida, junk food, tabaco, trabalho, todos legais mas com potencial destrutivo similar aos produtos proibidos.
Porém o grande signo escondido na trama leve e bem humorada (embora tenha algumas poucas cenas pesadas) é o vazio da existência humana: no final das contas, a vida de um viciado será tão significativa quanto a vida de um trabalhador e pai de família, ambos sendo inevitavelmente esquecidos em menos de 100 anos ou 4 gerações (alguém lembra ou sabe ao menos o nome do seu tataravô?).
Os ecos do filósofo Schopenhauer, uma das influências de Nietzsche, podem ser ouvidas com força em Trainspotting, cuja mensagem pode ser resumida na seguinte frase retirada da obra O Vazio da Existência: "Então se pode dizer que o homem, via de regra, é enganado pela esperança até dançar nos braços da morte!".
Nota: 4/5


Fabio Consiglio



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