Um filme por dia 2017 - 23/10 - O Estranho Sem Nome (1973)
Título original: High Plains Drifter
O Estranho Sem Nome é o segundo longa-metragem, sendo o primeiro faroeste, dirigido por Clint Eastwood, portanto não é por acaso que o ator-diretor encarna a sua persona cinematográfica imortalizada pelos filmes de Sergio Leone (Por Um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito), o homem sem nome.
Um pistoleiro sem nome (Clint Eastwood) chega a pequena cidade de Lago e acaba contratado para defender o povoado de três bandidos que, recém-saídos da cadeia, juraram vingar-se dos seus habitantes. As motivações dos ex-prisioneiros são parte do mistério da trama, que vai revelando-se aos poucos e mostrando que nenhum habitante de Lago é realmente inocente.
A obra começa com o tom dos filmes de Leone, mas logo Eastwood impõe seu estilo, mais leve e pervertendo algumas convenções do gênero. O ritmo é excelente e os personagens, incluindo o de Clint, seguem a sua moral pessoal e defendem os seus próprios interesses, evitando que enxerguemos qualquer um deles posicionado nas extremidades mocinho e bandido. Há ainda ideias excelentes, como a pintura da cidade de vermelho, transformando Lago no inferno onde os demônios poderiam executar as suas vítimas.
No melhor estilo de Sergio Leone, O Estranho Sem Nome mostra que honra e hombridade são irrelevantes quando colocados lado a lado dos interesses financeiros. Só isso bastaria para o rompimento da obra com os faroestes clássicos, mas Clint Eastwood vai além ao sacrificar o clima épico em benefício de um certo humor e uma visão mais cínica. Ao deixar o passado e as motivações do pistoleiro sem nome em aberto brinca com o público, que acredita que as motivações do homem são nobres mesmo sem saber exatamente quais são. Manipular a audiência de forma divertida e sem que ela perceba é um dos pilares do cinema e isso é feito em O Estranho Sem Nome de forma espetacular.
Nota: 4/5
Fabio Consiglio
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