Um filme por dia 2017 - 05/05 - Fausto (1926)



Título original: Faust: Eine deutsche Volkssage
Fausto tem mais de 90 anos de idade e ainda impressiona por suas imagens e seus planos, ora belos ora remetendo diretamente aos nossos piores pesadelos. Obra-prima do diretor seminal F.W. Murnau, é um dos filmes essenciais da história do cinema.
Baseado em Fausto de Goethe, conta a estória ancestral da venda da alma ao demônio. O demônio chamado de Mephisto (Emil Jannings) aposta com um arcanjo (Werner Fuetterer) que pode obter a alma de Fausto. Essencialmente bom, Fausto ou Faust (Gösta Ekman) negocia sua alma com Mephisto a fim de poder ajudar as pessoas durante a epidemia de peste negra. A tentação de ter um gênio da lâmpada a seu dispor é grande e Fausto acaba pedindo outras coisas, como a sua juventude. Não é coincidência que Mephisto aja como se fosse um gênio - as roupas de Fausto jovem parecem a de um príncipe árabe, eles se locomovem no manto de Mephisto como se fosse um tapete voador - afinal gênio vem do árabe jinn que apesar de ambíguo pode ser considerado um demônio. E o mantra "faça o que quiser", aqui potencializado pelas possibilidades infinitas dos desejos, é normalmente associado ao satanismo.
Visualmente impressionante e primoroso nos detalhes - note como o manto negro e a espada de Mephisto o fazem parecer uma arraia jamanta, uma fera, um predador - a obra é condescendente com a humanidade e com o divino na sua conclusão, que parece ter sido adocicada para agradar o público. Como considerar justo um deus que aposta com o diabo à custa do sofrimento das pessoas, a sua própria criação? E quanto aos homens, vendo os seus atos, principalmente em relação à personagem Margarida ou Marguerite (Camilla Horn), a pergunta que fica é: para que o demônio? Perto dos "homens de bem" ele fica parecendo uma criança pregando peças durante o halloween.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio

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