Um filme por dia 2017 - 30/04 - Ondas do Destino (1996)



Título original: Breaking the Waves
A tímida e imatura Bess (Emily Watson) se apaixona e rapidamente se casa com Jan (Stellan Skarsgård), que trabalha em uma plataforma petrolífera. A felicidade inicial logo desmorona a partir de um acidente sofrido por Jan nesse excelente filme de Lars von Trier.
Aos poucos o clima alegre e até festivo que marca o início da obra vai desaparecendo dando lugar a tristeza e a escuridão, levando os personagens a um caminho sem volta rumo ao abismo. A educação cristã machista e castradora recebida por Bess a torna uma pessoa infantilizada, beirando a esquizofrenia. Ela conversa com deus como se conversasse com uma pessoa real, pedindo coisas e crendo que as suas solicitações podem de fato influenciar a vida física. A tradicional prepotência dos religiosos, que acreditam que seus mantras vazios podem mudar o mundo e as pessoas, é levada aqui a outro nível, com Bess acreditando piamente que foi a responsável pelo acidente de Jan - ela pediu a deus que Jan fosse para casa - e que se o seu sacrifício for bom o suficiente Jan será curado. Um aspecto interessante e pouco explorado em outros filmes é o quanto Jan se tornou uma pessoa pior, até perverso, após o acidente e a consequente paralisia. Ainda que o seu sofrimento não seja minimizado, não há a figura do "deficiente pobrezinho" mas de uma pessoa que se tornou amarga após o infortúnio.
Ondas do Destino mostra o quanto a religião é desumana e hipócrita, pois enquanto prega a compaixão vira as costas para qualquer um que não siga as suas tolas regras. A conclusão de Ondas do Destino é triste, mas a última cena tira um pouco o amargo da experiência apelando ao fantástico para demonstrar que qualquer um pode ser bom, não importando a sua crença ou comportamento moral.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio

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