Um filme por dia 2017 - 15/05 - Jules e Jim - Uma Mulher para Dois (1962)



Título original: Jules et Jim
Jules e Jim conta a estória de uma amizade que sobreviveu à diferença cultural, à Primeira Guerra Mundial (com eles lutando em lados opostos) e ao amor que os dois sentiam pela mesma mulher.
O que mais chama a atenção em Jules e Jim é a forma como a obra trata os relacionamentos, tanto do ponto de vista físico como emocional. Moderno para a época - muitos vão considerar até para os dias atuais - trata o sexo como algo frugal, importante sim mas não fundamental em uma relação amorosa, já que Catherine (Jeanne Moreau) não consegue ser fiel a Jules (Oscar Werner) e o trai com vários amantes, alguns até frequentando a residência do casal. O amor de Jules é tão intenso - ou o seu medo de ficar sozinho é tão grande - que ele conforma-se em ter Catherine perto de si, mesmo sem tê-la de fato como esposa e parceira sexual. Há uma inversão do que costumamos ver na sociedade patriarcal, onde o homem têm várias parceiras e isso incomoda a maioria das pessoas. Tanto que o homem com mais de uma família é muitas vezes tratado pela ficção de forma cômica, pois é melhor aceito pela sociedade. Catherine é magnética para os homens e claro que Jim (Henri Serre) também é apaixonado por ela e o triângulo se forma. Mas, ao contrário do que poderia se imaginar, isso não gera conflito entre os amigos e isso é um dos fatores que torna esse filme de François Truffaut tão único.
Inicialmente leve e tornando-se mais denso e pesado durante sua duração, como se os personagens fossem da infância à maturidade e velhice em poucos anos ou minutos de projeção, Jules e Jim nos faz pensar sobre o amor em várias aspectos: físico, romântico, fraternal. Podemos tentar achar a felicidade de uma forma diferente da imposta pela sociedade, ainda que isso não seja garantia de que a alegria irá durar por muito tempo ou que o final será feliz.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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