Um filme por dia 2017 - 23/05 - O Caçador de Troll (2010)



Título original: Trolljegeren
O subgênero found footage (os vídeos "reais" encontrados abandonados), utilizado principalmente em filmes de horror e suspense, é traiçoeiro. Se por um lado envolve o espectador em uma atmosfera realista e tensa, por outro limita a decupagem da obra e abre espaço para várias falhas de lógica. O Caçador de Troll é perfeito para ilustrar tanto as coisas boas quanto as falhas inerentes ao formato found footage.
Logo no primeiro plano, nos é informado que tudo que veremos é real e foi encontrado gravado em dois HDs - os personagens envolvidos estão desaparecidos. Esse truque já prende a atenção da audiência por sugerir que os eventos fantásticos que virão a seguir não são uma obra de ficção. Um grupo de universitários está tentando entrevistar um suposto caçador ilegal de ursos e acaba descobrindo que ele na verdade é um caçador de trolls, contratado pelo governo para controlar a população dessas criaturas. Durante todo o primeiro ato paira a dúvida se isso é verdade ou o caçador é um maluco e isso é eficiente para criar o suspense. Somado a esses pontos positivos podemos citar as situações de tensão e perigo criadas de forma competente e até os efeitos especiais, obviamente ajudados pelo formato, cuja fotografia simula um cinegrafista amador e nunca é clara o suficiente para vermos detalhes e defeitos.
Agora os problemas: o ritmo cai um pouco no segundo ato para melhorar novamente no terceiro e os realizadores caem na armadilha do found footage, com algumas cenas confusas em excesso (simulando o cinegrafista apavorado) além de imperdoáveis erros de lógica: há cortes na filmagem mas o som ambiente é contínuo, sem interrupções, o que é impossível - se alguém estivesse realmente filmando com apenas uma câmera ao realizar um corte o som também deveria ser interrompido. O visual dos trolls também poderia ser melhor trabalhado, já que no universo do filme eles são animais reais, conceito esse que não combina com a aparência cartunesca das criaturas.
O Caçador de Troll é divertido e merece crédito por sua originalidade ao tentar transformar um ser de fábulas em algo tangível. Talvez fosse melhor se não houvesse a obsessão por tornar tudo realista ao extremo e recorrer ao found footage. Afinal, é impossível querer ser muito fiel ao mundo real quando tratamos de criaturas que conseguem diferenciar o cheiro do sangue dos cristãos.
Nota: 3/5


Fabio Consiglio

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