Um filme por dia 2017 - 08/05 - Até o Fim (2013)



Título original: All Is Lost
Apenas um personagem e pouquíssimos diálogos, ou melhor, monólogos. Essas condições poderiam resultar em um filme difícil de assistir, mas não é o caso de Até o Fim. Extremamente bem realizado e contando com a presença forte e magnética de Robert Redford, o único ator em cena, o longa cativa os espectadores com sua estória simples, cheia de tensão e totalmente aberta a interpretações, desde as mais literais às mais filosóficas.
Nada sobre o único personagem (Robert Redford) do filme é dito, nem o nome, nem a origem, muito menos as motivações. O encontramos já em alto mar enfrentando problemas com seu barco; vários incidentes vão ocorrendo até chegar ao ponto de colocar seriamente em risco a vida do nosso herói. Não há heroísmo cinematográfico, não há soluções mágicas, o marinheiro é um homem comum tentando resolver os problemas à medida em que aparecem, da mesma forma que fazemos na nossa vida. Essa falta de informações enriquece a obra, já que abre espaço para as mais diversas projeções, sendo o personagem um corpo vazio para que possamos preencher com o que quisermos. A enigmática carta escrita por ele, sugerindo arrependimentos por atos passados, reforça a ideia de cada um imaginar a sua própria estória para o personagem: seria ele um fugitivo da justiça, um pai ausente, um marido adúltero ou mesmo traído, ou alguém fugindo de um passado sombrio? Cada espectador, com suas experiências, traumas, medos e angústias vai enxergar o marinheiro de uma maneira muito particular.
Mesmo no seu final, Até o Fim é fiel a sua proposta de permitir ao espectador decidir sobre o filme que está assistindo. É possível vermos de forma convincente a conclusão na forma trágica ou na forma "final feliz". E conforme as escolhas feitas durante a projeção, cada um vai descobrir um pouco mais sobre si mesmo.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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