Um filme por dia 2017 - 15/09 - A Cabana (2017)



Título original: The Shack
A Cabana é uma peça de pregação cristã disfarçada de filme, que apela para o sentimentalismo barato, filosofia de botequim e a lógica distorcida típica das religiões para provar os seus pontos.
Mack Phillips (Sam Worthington) é um homem que, mesmo marcado pela infância sofrida tendo um pai alcóolatra e violento, consegue formar uma família feliz até que a filha Missy (Amelie Eve) é sequestrada e morta. Acometido por uma grave depressão causada pelo estresse pós-traumático, Mack não recebe a visita de um terapeuta ou psicólogo mas uma carta assinada por deus (Papa para os íntimos) o convidando a retornar à cabana onde as roupas de sua filha foram encontradas - o corpo desapareceu. Chegando lá, encontra a santíssima trindade: deus ou Papa (Octavia Spencer), Jesus (Avraham Aviv Alush) e o espírito santo ou Sarayu (Sumire Matsubara). A escalação dos atores para viverem a tríade é de longe o maior acerto do filme, com Jesus sendo interpretado por um ator com traços do Oriente Médio e deus como uma mulher negra. Porém nem isso a obra tem a coragem de manter até o final e chega um momento em que deus aparece como um homem, sem barba mas com uma certa idade, com a justificativa que os eventos que viriam a seguir necessitavam de um pai. A lógica seguida pelas entidades é bastante coerente com a lógica comumente utilizada pelas religiões, ou seja, ela não faz o menor sentido e bobagens como "você é especial" são repetidas a cada momento - se todos são especiais então ninguém é realmente especial, isso é elementar.
Entendo que algumas pessoas podem até cair na armadilha de A Cabana e emocionar-se por projeção ou pelo sentimentalismo piegas, mas nada disso pode esconder a verdadeira natureza da obra: uma peça de propaganda cujo único objetivo é arrebanhar mais ovelhas, que ao entrar no rebanho eventualmente serão tosquiadas e até mesmo devoradas.
Nota: 2/5


Fabio Consiglio

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