Um filme por dia 2017 - 19/09 - E.T. - O Extraterrestre (1982)



Título original: E.T. the Extra-Terrestrial
Alguns podem achar E.T. piegas, outros podem alegar que é infantilizado e anti-ciência, mas independentes das opiniões, que até podem ter certa razão, é impossível não vermos em E.T. o cuidado da produção, a engenhosidade das soluções e a carga emocional transmitida pela obra que envolve a audiência.
Começando pelo design do alien acidentalmente deixado na Terra por seus confrades e encontrado pelo garoto Elliott (Henry Thomas): criado pelo artista Carlo Rambaldi E.T. foi desenhado de forma a estabelecer simpatia instantânea. A sua face foi feita através da combinação de fotos de idosos e de figuras presentes no imaginário coletivo como Albert Einstein e Ernest Hemingway, além do coração visível que remete às representações artísticas de Jesus Cristo. A câmera em E.T. está sempre baixa, na altura de uma criança, mostrando claramente que todo o filme é visto do ponto de vista dos pequenos - o próprio E.T. inclusive. Da mesma forma, com exceção de Mary (Dee Wallace), a mãe de Elliot, nenhum rosto de adulto é mostrado até o último ato, em uma estratégia de mostrar apenas as pernas e a cintura como nos desenhos de Tom & Jerry. O desenvolvimento da amizade entre E.T. e Elliot é orgânica e convincente, auxiliado pelo fato de Elliot projetar em E.T. o seu abandono e solidão por conta da recente separação dos seus pais.
Todas essas qualidades fariam de E.T. um bom filme mas o que o eleva a outro patamar é a música do maestro John Williams, que é tão protagonista quanto Elliot ou a criatura alienígena. O próprio diretor Steven Spielberg reconhece isso - na verdade ele admite a importância da música de Williams não somente em E.T. mas em toda a sua filmografia. Tanto que a sequência final, com aproximadamente 20 minutos de perfeita sincronia entre ação e trilha sonora, foi montada tendo como base a música e não ao contrário como é o habitual. O climax dessa cena, quando E.T. faz as bicicletas voarem para evitar que os agentes do governo atirem nas crianças, é emocionante por conta da música e era muito comum, na época do lançamento de E.T., que todo o cinema aplaudisse esse momento em uma catarse coletiva - sei que não faz o menor sentido aplaudir o projecionista mas eu estava em um cinema em 1982 e vivi isso.
Com planos que fazem parte da história do cinema - quem não conhece a bicicleta voando com a lua ao fundo? - E.T. é um dos grandes filmes de todos os tempos a despeito da sua ingenuidade e pouca profundidade, mostrando que na arte a emoção normalmente supera a razão.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio

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