Um filme por dia 2017 - 24/09 - Caçada Humana (1966)



Título original: The Chase
Caçada Humana demora um pouco a engrenar, gastando toda a sua primeira metade explorando e nos permitindo conhecer os seus diversos personagens. A espera no entanto vale a pena e a obra comprova, através dos eventos e das atitudes das pessoas da pequena cidade do Texas, que a modernidade, civilidade, respeito às outras pessoas e às leis são conceitos que estão muito longe de serem universais.
O criminoso fugitivo Bubber Reeves (Robert Redford) escapa da prisão e está disposto a voltar à sua cidade natal, onde o xerife Calder (Marlon Brando) tentará recapturá-lo para cumprir a lei e ao mesmo tempo proteger Bubber da fúria dos cidadãos. A trama é apenas um pano de fundo para tocar em temas espinhosos como o preconceito racial, as elites que tratam a sociedade como uma extensão de seus negócios e interesses e principalmente o sadismo da maioria da população, que deseja fazer a justiça pelas próprias mãos não como um meio de cumprir a lei de mais efetivamente mas como uma forma de obter prazer ao fazer parte de um espetáculo grotesco de violência e morte.
A sociedade retratada por Caçada Humana é carente de ética, totalmente sem rumo e hipócrita, com casamentos de aparência - a obra grita para a audiência que o matrimônio é uma instituição falida - e total descrença e falta de respeito com a justiça e as autoridades. Para esses adultos que se comportam como adolescentes, pouco importam as leis ou a verdade, mas apenas a satisfação de impor a sua opinião distorcida sobre o mundo.
No seu ato final, Caçada Humana remete às hordas que caçavam o monstro de Frankenstein ou aos romanos vibrando com a morte dos gladiadores no coliseu. Roma era com certeza mais civilizada do que a cidadezinha do xerife Calder, já que lá o sangue era derramado ao menos com um certo método e organização.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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