Um filme por dia 2017 - 20/09 - Bottom of the World (2017)

Título original: Bottom of the World
O problema de Bottom of the World é que o diretor Richard Sears não tem o talento necessário para imitar David Lynch, o que resulta em um filme pretencioso que tenta misturar o real com o irreal de forma confusa e insatisfatória.
A caminho de Los Angeles, Alex (Douglas Smith) e Scarlett (Jena Malone) param para descansar em uma pequena cidade, onde a moça desaparece misteriosamente. A partir desse momento, percebemos que os eventos que se passam no mundo físico e na mente do(s) personagem(s) se mesclam em uma trama que embora tente amarrar as pontas em sua conclusão, acaba não fazendo sentido. Para piorar, nem a estória e nem os protagonistas envolvem o público e ninguém se importa de verdade com o que acontecerá com eles, pois eles não têm profundidade alguma, não têm família, não têm história pregressa e nenhuma qualidade forte que possa gerar repulsa ou admiração. Sem falar das frases do filme, que vão desde as que tem uma lógica redundante apurada - "Agora, quando imaginamos coisas, começamos a criá-las na nossa mente" - às dignas de para-choques de caminhão - "Não existe o bem e o mal, só existe imperfeição". Tudo isso poderia ser aceitável se Bottom of the World apresentasse alguma característica artística interessante, mas nada se destaca e a obra é apenas mais uma no mar de produções que tentam disfarçar a falta de recursos e orçamento com roteiros mirabolantes.
Atualmente é relativamente fácil (em comparação ao passado recente) fazer e distribuir um filme, ao menos em plataformas digitais. Com essa facilidade naturalmente porcarias como Bottom of the World vão surgir, mas é sempre preferível ter opções, mesmo que incluindo obras ruins, do que não tê-las. Afinal podemos aprender até com filmes abaixo da média, mesmo que como contraexemplo.
Nota: 1/5


Fabio Consiglio