Um filme por dia 2017 - 31/08 - O Batedor de Carteiras (1959)



Título original: Pickpocket
O Batedor de Carteiras é uma alegoria sobre a nova geração na Europa do pós-guerra, sem grandes obstáculos a ultrapassar mas também sem rumo e sem ideais.
Michel (Martin La Salle) vive em Paris de pequenos furtos e aos poucos vai se sofisticando, tornando-se quase que um artista do roubo sem uso da violência. Os seus motivos não são claros - óbvio que o dinheiro é um incentivo - e ele parece roubar para preencher um vazio existencial. O vazio vivido pelos jovens depois da Segunda Guerra Mundial é um dos signos possíveis, mas mesmo mantendo-se alheio a isso a obra cria sequências belíssimas, com os furtos coreografados como um balé e executados de forma precisa, como se os ladrões fossem mágicos com uma destreza excepcional.
A falta de propósito de Michel é profética e ao ver a sua apatia em O Batedor de Carteiras não pude deixar de lembra de Clube da Luta de 1999, em especial na frase do personagem Tyler Durden (Brad Pitt):

Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Guerra Mundial.
Nós não temos uma Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão, são nossas vidas.
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock.
Mas não somos.


Quarenta anos antes, O Batedor de Carteiras já havia dito tudo isso sem usar palavras.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio

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