Um filme por dia 2017 - 29/09 - Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia (1974)



Título original: Bring Me the Head of Alfredo Garcia
A filha de um poderoso fazendeiro mexicano engravida de Alfredo Garcia, o que leva o latifundiário a oferecer a recompensa de US$1.000.000,00 pela cabeça de Garcia. Ao pronunciar a todos "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia", uma verdadeira caça ao tesouro tem início e Alfredo Garcia deixa de ser um ser humano para se tornar apenas uma nota promissória.
Toda a estória vai girar em torno de um dos homens que buscam o bilhete premiado, o pianista Bennie (Warren Oates), acompanhado de sua namorada a prostituta Elita (Isela Vega). Inicialmente Bennie enxerga a busca como algo fácil e descomplicado, já que ele descobriu que Garcia está morto - a tarefa do pianista é desenterrar o corpo, cortar e pegar a cabeça. Mas logo a viagem de lua-de-mel de Bennie e Elita vai tornando-se mais e mais violenta e para conseguir o prêmio de um milhão muitos corpos serão deixados pelo caminho.
O binômio violência e religião é invocado várias vezes durante a obra, com morte e agressões ocorrendo durante serviços religiosos e em cemitérios católicos. A hipocrisia é mostrada sem disfarces, como por exemplo o fazendeiro decretando a sentença de morte de Alfredo Garcia durante uma missa e a família de Garcia armada até os dentes e disposta a matar qualquer um para pegar de volta a cabeça do parente. Mas o arco do protagonista Bennie é o que mais impacta em Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia: ele começa com uma atitude cheia de malandragem que beira a inocência e aos poucos vai tendo que se adaptar ao mundo violento em que está inserido. Na cena em que ele é enterrado e sai da cova, é como se o Bennie mais puro tivesse morrido e um muito pior e pragmático ressurgisse, assim como a cabeça apodrecida de Garcia, sempre com moscas em volta, que pode ser vista como uma metáfora da degradação da alma de Bennie.
Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia traz a toda a violência característica do diretor Sam Peckinpah, que acredita que essa brutalidade extrema é a mais precisa tradução do mundo em que vivemos. É triste, mas é difícil discordar de Peckinpah.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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