Um filme por dia 2017 - 03/07 - Últimos Dias no Deserto (2015)

Título original: Last Days in the Desert
Na mitologia cristã descrita na Bíblia, Jesus passou 40 dias no deserto sem comer ou beber e durante esse período foi tentado pelo diabo três vezes. Últimos Dias no Deserto mostra uma versão do que teria acontecido de forma mais verossímil e com belíssimas locações.
Em primeiro lugar o que mais chama a atenção em Últimos Dias no Deserto é o seu cenário - todo o filme foi captado no Parque Estadual Deserto Anza-Borrego, na Califórnia. Com o desenrolar da estória vemos que a fantasia bíblica foi deixada de lado e o filme é mais realista do que a versão encontrada nas escrituras, sem no entanto diminuir a figura de Jesus. Aqui ele jejua mas ingere água - seria impossível para um ser humano ficar 40 dias sem beber - e até come alimentos quando passa a fazer esforços físicos, ajudando a família do homem simplesmente chamado de pai (Ciarán Hinds) que mora no deserto. A decisão de representar o diabo pelo mesmo ator que interpreta Jesus (Ewan McGregor) não é original mas faz todo sentido com a lógica da produção, pois podemos entender que todas as tentações e questionamentos feitos pelo demônio na verdade são criadas pelo próprio Jesus.
Após um primeiro ato interessante, Últimos Dias no Deserto desaponta no seu desenvolvimento, mostrando Jesus como um mero espectador - independente da crença de cada um, no filme Jesus é o protagonista e o herói, de quem se espera um papel mais ativo. Todos os acontecimentos a partir de um certo ponto parecem ocorrer ao acaso, pouco importando a presença ou não de Yeshua.
Independente das suas deficiências, Últimos Dias no Deserto acaba com um saldo positivo: bonito visualmente e humanizando a figura de Cristo até mesmo no visual (a aparência de Ewan McGregor conseguiu combinar a representação europeia de Jesus com um visual mais realista), mostrando que para ser uma boa pessoa, um "santo", não é necessária a intervenção divina.
Nota: 3/5


Fabio Consiglio