Um filme por dia 2017 - 01/08 - O Escritor Fantasma (2010)



Título original: The Ghost Writer
O diretor Roman Polanski já havia explorado uma estória sobre os mistérios guardados por um livro em O Último Portal de 1999. Diferente desse, que envolve o sobrenatural, O Escritor Fantasma é realista ao expor como as pessoas, inclusive os governantes, são manipulados para atender a interesses escusos nos bastidores da política.
Um ghost-writer (escritor que não recebe os créditos pela obra) interpretado por Ewan McGregor é contratado para escrever a autobiografia do ex primeiro-ministro britânico Adam Lang (Pierce Brosnan), envolvido em um escândalo por ter entregado à CIA cidadãos britânicos envolvidos com terrorismo. O texto inicial escrito por Lang aparentemente é apenas literatura ruim, mas há algo mais no rascunho do livro que pode revelar segredos envolvendo a relação da CIA com o governo inglês.
O roteiro é engenhoso e pequenas informações vão sendo reveladas pouco a pouco, montando o quebra-cabeças. É ainda mais admirável ao notarmos que tudo o que vimos explica satisfatoriamente a aparente conclusão e ficamos satisfeitos, mas nos últimos cinco minutos há uma reviravolta e as pistas que colhemos durante todo o filme fazem ainda mais sentido, dando imensa satisfação à audiência ao mesmo tempo deixando um certo gosto amargo por nos mostrar que ao lutar contra certas forças é impossível vencer.
O único personagem inocente no filme é o ghost-writer, ingênuo como alguém que mede o mundo (ou as pessoas) segundo os seus próprios escrúpulos. Todos os outros tem algum nível de culpabilidade pelos eventos da obra, mostrando que no mundo político não há espaço para pureza mas apenas para o pragmatismo.
Ao seu final, O Escritor Fantasma evoca a mesma ideia sombria de Sob o Domínio do Mal de 1962, mostrando como os políticos manipulam e são manipulados, sempre obedecendo a interesses maiores não importando o tamanho do seu cargo, seja um presidente ou um primeiro-ministro. A vontade da população acaba sendo um mero detalhe, afinal quem manda é quem tem o ouro, sempre foi assim e sempre será.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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