Um filme por dia 2017 - 26/08 - Eva Não Dorme (2015)



Título original: Eva no duerme
Para quem não é argentino é difícil entender o fascínio e adoração por Eva Perón - talvez seja difícil até para os argentinos mais novos. Eva Não Dorme falha ao não conseguir convencer os não iniciados sobre a santidade de Evita, o que dilui qualquer impacto que o filme tenta provocar.
Eva Não Dorme não conta a história da vida mas a história da morte de Evita - a sua vida pública é rapidamente pinçada com imagens documentais - através de episódios ligados pelo cadáver da ex-primeira dama: o embalsamamento, o roubo do cadáver e finalmente a tentativa de descobrir onde ele foi escondido pelos militares golpistas. Falta unidade ao filme mas o principal problema é o fato da obra não conseguir explicar a força do mito Evita, focando demais na sua suposta beleza física em cenas de adoração que flertam com a necrofilia, sendo impossível não pensar em atração sexual quando o médico que cuidou do corpo alisa as pernas da falecida ou quando o soldado que rouba o cadáver quase o beija. Há ainda uma desonestidade que incomoda, envolvendo a escalação do ator Gael García Bernal como Massera; o ator é onipresente nos materiais promocionais do filme e seu nome é o primeiro a aparecer, com grande destaque. Seu papel porém é mínimo, uma ponta sem grande importância criada apenas para chamar a atenção e dar peso ao filme.
Em alguns momentos, Eva Não Dorme se torna um espetáculo beirando o grotesco, reduzindo a figura de Evita a uma boneca fetiche. Serve ao menos para mostrar a estupidez  e brutalidade dos militares que tomaram o poder na Argentina - muito parecidos com os brasileiros - e para nos lembrar a origem do termo "descamisados", populismo tão usado aqui no Brasil pelo ex-presidente Fernando Collor.
Nota: 2/5


Fabio Consiglio

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