Um filme por dia 2017 - 21/08 - Samsara (2011)



Título original: Samsara
Samsara é um documentário fotográfico sem roteiro ou diálogos, filmado em mais de 20 países em 5 continentes, montando um mosaico de belezas naturais, desastres, fábricas, cidades e pessoas, deslumbrando com sua beleza e fazendo pensar com a sequência de suas imagens.
Em alguns trechos de Samsara, ficamos em duvida se aquele cenário que está sendo exibido é real ou foi gerado por computador, tamanha a beleza e estranheza causada. Em outros momentos, a realidade mostrada acaba com o conforto da nossa ignorância, ao mostrar por exemplo uma granja ou uma fábrica de processamento de carne de porco, nos lembrando que a linguiça ou o nugget que comemos tem como principal ingrediente um animal que um dia esteve vivo. A montagem também é engenhosa, por exemplo exibindo sequencialmente uma fábrica de alimentos, um mercado atacadista, uma lanchonete fast food e finalmente um obeso sendo preparado para uma cirurgia bariátrica. Tanto a técnica de montagem como as imagens sendo exibidas sem diálogos ou roteiro nos remetem ao primeiro cinema, onde o encantamento vinha exatamente do deslumbre causado pela sucessão de fotografias na tela.
A natureza mostrada por Samsara, mesmo quando em convulsão como nas erupções vulcânicas, é sempre mais serena do que a civilização. Ao vermos as fábricas e cidades o contraste se torna brutal, com toda a aparente organização equilibrando-se com dificuldade sobre o caos potencial. Tem-se a impressão que a humanidade, pelo menos a porção concentrada em grandes centros urbanos, tem como único objetivo o consumo sem sentido e o consequente descarte - o filme mostra também isso, exibindo lixões em várias partes do mundo depois de mostrar fábricas e mercados. Esse é o sentimento que fica após assistirmos Samsara: deslumbramento pela natureza e, por que não, pelo engenho humano mas um enorme temor pelo futuro.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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