Um filme por dia 2017 - 16/08 - O Monstro do Ártico (1951)



Título original: The Thing from Another World
O Monstro do Ártico é mais uma ficção-científica seminal da década de 50, que estabeleceu parâmetros para o gênero e influenciou vários outros filmes, entre eles O Enigma de Outro Mundo de 1982, que é uma reimaginação direta da obra de 1951.
A estória é simples: militares e cientistas norte-americanos descobrem um disco voador com um tripulante no Ártico e levam a criatura ainda congelada à base. O alienígena volta à vida ao descongelar-se e passa a ameaçar todos os membros da estação ártica. Os militares, por conta do momento histórico (pós Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria), são extremamente exaltados em detrimentos dos cientistas, que demonstram uma ingenuidade infantil ao defender a ciência pura ignorando os riscos da presença alienígena. Todos os integrantes da Força Aérea Americana estão sempre relaxados e rindo frente ao perigo em uma clara mensagem política, aliviando de forma exagerada a tensão do filme. Outro problema é a câmera invisível, em um estilo de decupagem simples utilizada pelo diretor Howard Hawks (não creditado, aqui ele teoricamente seria apenas produtor mas na verdade co-dirigiu o filme) que não combina com algumas cenas que exigem planos mais elaborados, como planos detalhes que mostrariam elementos importantes como a mão do monstro.
O que chama a atenção em O Monstro do Ártico é o seu legado, que pode ser encontrado em vários elementos da obra, como o já citado papel do cientista que coloca o conhecimento como mais importante do que a vida dos envolvidos, ou o contador geiger usado como "detector de monstros", copiado literal e assumidamente por James Cameron em Aliens - O Resgate. Há também a inteligente decisão de mostrar minimamente o monstro, que mesmo possivelmente motivada por problemas de maquiagem é extremamente eficiente - lição aprendida por Steven Spielberg em Tubarão.
Ao final de O Monstro do Ártico a política por trás da estória de fantasia fica bem clara, com o alerta para que todos fiquem de olho no céu, alusão do perigo comunista e do risco de uma guerra nuclear. A guerra fria acabou (pelo menos da forma que estava desenhada nas décadas de 50 e 60) mas os pilares da ficção-científica deixados por O Monstro do Ártico continuam firmes.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio

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