Um filme por dia 2017 - 03/12 - Gata em Teto de Zinco Quente (1958)



Título original: Cat on a Hot Tin Roof
Baseado na peça de Tennessee Williams publicada em 1955, Gata em Teto de Zinco Quente conta a estória do casal Maggie (Elizabeth Taylor) e Brick Pollitt (Paul Newman), ele um ex-jogador de futebol americano alcoólatra e ela desprezada pelo marido. A obra trata de temas que continuam atuais e ganham novas dimensões com o advento de redes sociais como o facebook.
Brick e Maggie têm de lidar com os problemas do seu casamento e com a agitação da família Pollitt, abalada pela noticia de que o milionário patriarca Big Daddy (algo como Paizão) está com câncer terminal, o que abre espaço para uma disputa pela fortuna entre os irmãos Pollitt.
O filme pode parecer teatral demais à primeira vista mas é preciso reconhecer que o texto de Williams é um dos astros da produção, portanto ele deve ganhar o devido destaque - nota-se que sempre que possível, quando não está sendo travada uma batalha de palavras ente os personagens, as técnicas cinematográficas são bem utilizadas, afastando a ideia do teatro filmado.
Várias camadas de signos estão empilhadas no texto, como a disfarçada homossexualidade de Brick que despreza a esposa por conta de um suposto romance dela com o seu falecido amigo Skipper, quando na verdade tudo indica (lembrando que tudo é sugerido, nada é explícito) que Brick amava Skipper. A família Pollitt feliz, com os netos de Big Daddy (Burl Ives) cantando pela sua recuperação é totalmente falsa: o patriarca não suporta as crianças, os adultos estão interessados na herança e tudo não passa de um teatro de artificialidades, como as fotos de viagens que vemos atualmente no facebook que se esforçam para passar uma imagem de clã rico e vitorioso quando na verdade todos se odeiam.
Big Daddy talvez seja o personagem mais sincero e sábio da obra já que ele sabe que tudo é fingimento, mentir socialmente e interpretar papéis são as coisas que os adultos fazem e Brick, que alega não suportar a falsidade, nada mais é do que uma criança de 30 anos - a dor de Brick pode ser explicada pela impossibilidade social de assumir a sua própria sexualidade. Ao final, Brick parece finalmente ter crescido e passa a fingir e a fazer o que todos esperam dele, nos mostrando que amadurecer para a sociedade é repetir o comportamento dos nossos pais e, numa necessidade de continuidade egocêntrica, gerar filhos.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio



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