Um filme por dia 2017 - 29/12 - Roda Gigante (2017)



Título original: Wonder Wheel
Roda Gigante é um dos melhores filmes de Woody Allen dos últimos anos e isso não é pouco considerando que o diretor lança ao menos um filme por ano.
Passado nos anos cinquenta, conta a estória de Ginny (Kate Winslet), garçonete e ex-atriz que se envolve amorosamente com o salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Para complicar, Ginny é casada com Humpty (Jim Belushi), operador de carrossel em Coney Island que acabou de descobrir que sua filha do primeiro casamento, Carolina (Juno Temple), está sendo perseguida pela máfia. Como na maioria dos filmes de Allen, os atores estão ótimos nos seus papéis muito por conta da sua direção segura. A fotografia do filme é outro destaque, com um belíssimo colorido quente que transmite com perfeição a atmosfera de Coney Island durante a década de 50, antes da decadência do local. Além disso, a fotografia ajuda a contar a estória sendo utilizada diversas vezes para explicitar os sentimentos dos personagens - por exemplo cores quentes e douradas enquanto Ginny conta fatos do passado e frias e escuras enquanto fala do presente, ou tons vermelhos durante uma discussão acalorada.
Por trás de um filme belo e agradável encontramos um melodrama que demonstra a forma como Allen enxerga a vida, pessimista para alguns mas que eu considero realista. Para o diretor a sorte tem mais influência sobre as nossas vidas do que gostamos de admitir e ele sempre coloca isso em seus filmes, o determinismo do acaso. E temos a metáfora da roda gigante, cujo giro e altos e baixos podem ser traduzidos de diversas formas: idealização em oposição a realidade, sorte e azar e o óbvio momento da vida de cada um de nós - enquanto uns estão na ascendente outros estão na descendente.
Há soluções em Roda Gigante que poderiam ser melhores, como alguns diálogos muito descritivos ou pouco ágeis. Esses pequenos pontos não comprometem o filme e talvez só tenham sido notados por sempre esperarmos de Woody Allen algo acima da média. Felizmente podemos encontrar em Roda Gigante todos os elementos que fazem do diretor um artista genial e de novo recorro a metáfora da roda girando para o pessimismo consciente de Allen: o pior não são os altos e baixos da roda, mas quando achamos que estamos na parte de baixo quando na verdade estamos na parte de cima.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio



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