Um filme por dia 2017 - 04/12 - Ardida como Pimenta (1953)



Título original: Calamity Jane
Ardida como Pimenta é um faroeste musical com dois grandes destaques: o seu visual, com cores deslumbrantes hiper-reais (mais belas do que a realidade) proporcionadas pelo technicolor e o talento de Doris Day, estrela absoluta cantando, dançando, fazendo rir e chorar.
Calamity Jane (Doris Day) veste-se e age como homem mas é apaixonada pelo Tenente Gilmartin (Philip Carey) e toda a trama desenvolve-se em torno da escolha que deve ser feita por Jane: manter a praticidade e vantagens dos modos masculinos em um ambiente como o oeste selvagem ou adotar a feminilidade imposta pela sociedade. Poderíamos enxergar nas entrelinhas uma exigência, feita pelos homens, da perda de protagonismo de Jane e consequentemente sua submissão, sob a pena de nunca ser enxergada como uma mulher mas como um "companheiro" de segunda classe, mas a obra é leve e não aprofunda nenhum desses temas, resolvendo tudo com uma canção como todo bom musical. Essa característica não diminui o filme pois ele nunca é desonesto com o espectador, demonstrando desde a sua abertura que o seu objetivo é de ser um entretenimento bem feito e bonito de se ver, sem examinar temas que podem ser complicados para alguns.
O oeste selvagem de Ardida como Pimenta é apresentado como se fosse um espetáculo, com violência e tiros sem consequências - a não ser para os índios mas aqui eles são objetificados - e é interessante notar como isso remete às origens dos filmes de faroeste cuja estética é mais baseada, pelo menos no início do cinema, nos show da caravana de Buffalo Bill do que na realidade. Outra ligação com esses shows é o fato de que a figura histórica de Calamity Jane (sim, ela existiu de verdade) trabalhou nas apresentações capitaneadas por Buffalo Bill.
Ardida como Pimenta é um ótimo exemplo de cinema escapista de qualidade, divertindo e satisfazendo os nossos principais sentidos, visão e audição, deixando os críticos chatos falando sozinhos bobagens como igualdade de gênero e afirmação feminina.
Nota: 4/5


Fabio Consiglio



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