Um filme por dia 2017 - 30/11 - O Mundo de Andy (1999)



Título original: Man on the Moon
A qualidade e eficiência do humor de Andy Kaufman são discutíveis, já que muitas vezes só o próprio comediante (ou como ele se definia artista de performance) se divertia com suas piadas. Mas duas coisas são indiscutíveis: a riqueza de Andy como personagem e a forma como ele sempre surpreendia o público, não interessando se de forma positiva ou negativa.
O Mundo de Andy, de Milos Forman, conta a história do comediante desde o seu surgimento, contando piadas infantis e imitando Elvis Presley, até a sua morte prematura causada pelo câncer. Andy é interpretado de maneira espantosa por Jim Carrey, que incorporou Kaufman de tal forma que seus colegas de cena, muitos deles já tendo trabalhado com Andy Kaufman no seriado Taxi da década de 1970, sentiram-se assustados e intimidados.
Toda a trajetória e criações de Andy são surpreendentes: o personagem Tony Clifton, cantor grosseiro e decadente que ele jurava ter vida própria; a sua capacidade de levar o público ao limite, por exemplo lendo um livro inteiro no palco para castigar uma plateia impertinente; a luta livre sempre contra mulheres (ele se auto intitulava o campeão mundial na categoria intersexual), que ele passou a praticar para chocar e desafiar ainda mais o seu público. Todas as brincadeiras eram levadas à sério e muito bem armadas, não levantando suspeitas sobre a atuação dos envolvidos, como quando Andy provocou e lutou contra o campeão de luta livre Jerry Lawler fazendo parecer por muito tempo que eram realmente inimigos e que Kaufman havia realmente se machucado - tudo foi combinado entre os dois desde o início.
Sua fama de embusteiro era tamanha que ninguém acreditou quando anunciou estar com câncer, nem mesmo a sua família - há até uma teoria que diz que ele estaria vivo e tudo teria sido mais uma piada, mas isso não foi comprovado. E o mais irônico é que, ao buscar ajuda em tratamentos alternativos como cristais ou cirurgias espíritas, percebeu que os curandeiros eram todos como ele, interpretando papéis e pregando peças de forma elaborada para que todos acreditassem.
Em determinado momento Andy, já doente e encarnando Tony Clifton, diz que quanto mais Kaufman enfraquece mais ele - Clifton - se fortalecia. Não poderia ser mais preciso, já que a morte transformou Andy Kaufman em uma lenda.
Nota: 5/5


Fabio Consiglio



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